Cessar-fogo alcançado após novos ataques israelitas à Faixa de Gaza
Após os ataques israelitas de segunda-feira, a sala de operações conjuntas das facções da resistência em Gaza anunciou um acordo de cessar-fogo medidado pelo Egipto. Israel ainda não confirmou o cessar-fogo
A agência Ma'an noticiou que as forças israelitas dispararam mais de 100 mísseis em diferentes áreas da Faixa de Gaza. Os ataques, segundo fontes em Gaza, visaram instalações militares e de treino do Hamas e também edifícios civis. Foi atingido, nomeadamente, o escritório do dirigente do Hamas, Ismail Haniyeh. Ficaram feridos pelo menos oito palestinos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel em exercício, Yisrael Katz, declarou numa entrevista que a ofensiva de segunda-feira é a acção mais ampla empreendida em Gaza desde a agressão israelita de 2014 («Operação Margem Protectora»).
Israel fechou as passagens de Erez e Kerem Shalom para a Faixa de Gaza e enviou duas brigadas de infantaria e forças blindadas para o Sul e preparou-se para convocar milhares de reservistas. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu abreviou a sua visita aos Estados Unidos para regressar ao país.
Entretanto, fontes da sala de operações conjuntas das facções da resistência anunciaram que tinham alvejado com 10 foguetes as povoações de Sderot e Netivot, em Israel, em resposta ao bombardeamento de edifícios e instalações civis.
Os ataques aéreos israelitas foram lançados várias horas depois de um míssil disparado do pequeno território palestino — submetido a um criminoso bloqueio por Israel há 12 anos — ter atingido uma casa a norte da cidade de Tel Aviv, no centro de Israel, provocando sete feridos. O lançamento do míssil não foi reivindicado por nenhuma facção da resistência.
O míssil não foi interceptado pelo sistema antimísseis israelita Iron Dome. Segundo os militares israelitas, o míssil terá percorrido cerca de 120 quilómetros, sendo o de maior alcance desde a guerra de Gaza de 2014.
Um incidente semelhante ocorreu há apenas 10 dias, quando Israel bombardeou a Faixa de Gaza após dois mísseis disparados de Gaza caírem num terreno vago próximo de Tel Aviv. Nessa altura as forças armadas israelitas afirmaram que os mísseis haviam sido disparados por erro durante operações de manutenção.
Os ataques israelitas de hoje ocorreram num momento de grande tensão, em que se aproxima o primeiro aniversário do início dos protestos da Grande Marcha do Retorno, estando previstas grandes manifestações na próxima sexta-feira.
Por outro lado, decorre em Israel a campanha para as eleições antecipadas do dia 9 de Abril. O eleitorado israelita tem-se deslocado cada vez para a direita, e os principais contendores concorrem em afirmações de «firmeza» em relação aos palestinos. Netanyahu disputa o seu quinto mandato como primeiro-ministro e joga o seu futuro político, procurando que a reeleição lhe permita contornar os casos judiciais em que está envolvido. Não são de excluir novas escaladas contra os palestinos, também por razões eleitoralistas.