Há 25 anos, o massacre da Mesquita Ibrahimi, em Hebron
No dia 25 de Fevereiro de 2019 assinala-se o 25.º aniversário do massacre de Mesquita Ibrahimi, em Hebron, na Cisjordânia ocupada, perpetrado pelo terrorista judeu Baruch Goldstein, que matou 29 fiéis muçulmanos palestinos e feriu outros 150. Vinte e cinco anos depois, a repugnante ideologia racista anti-árabe que inspirou o massacre permanece viva — e prepara-se para regressar ao parlamento israelita pela mão de Netanyahu.
Baruch Goldstein era militante do Kach, o partido do rabi Meir Kahane, cuja ideologia foi considerada de tal modo extremista que veio a ser impedido de concorrer às eleições e proibido em Israel. A 25 de Fevereiro de 1994, Goldstein, nascido nos EUA e emigrado para Israel em 1983 e que morava no colonato de Kiryat Arba, nos arredores de Hebron, entrou na Mesquita Ibrahimi armado com uma espingarda de assalto Galil do exército israelita. Era manhã cedo, durante o mês sagrado do Ramadão, e centenas de fiéis palestinos estavam em oração dentro da Mesquita. Goldstein abriu fogo, recarregou a arma pelo menos uma vez, e disparou sem parar até ser finalmente dominado, acabando por ser espancado até à morte.
No dia do massacre, para piorar ainda a situação, os soldados israelitas que estavam nas proximidades — em número superior ao habitual — fecharam as portas da mesquita, impedindo os fiéis de fugir para salvar a vida. Impediram também que pessoas vindas de fora entrassem para ajudar na evacuação dos mortos e feridos.
A repressão dos protestos após os funerais fez aumentar o número de palestinos mortos nesse dia para 50 só em Hebron, e para 60 contando também as vítimas em confrontos com as forças de ocupação israelitas noutras partes da Cisjordânia ocupada.
Após o massacre, quem sofreu castigo foram as vítimas. Israel fechou durante seis meses o bairro da Cidade Velha de Hebron, onde está localizada a Mesquita Ibrahimi. O primeiro-ministro israelita, Yitzhak Rabin, recusou retirar os agressivos 800 colonos sionistas cravados como um espinho no centro da histórica cidade palestina de mais de 200 000 habitantes. Não só os colonos judeus não foram punidos como a Mesquita de Ibrahimi foi dividida, quando antes era ocupada apenas por muçulmanos. Os muçulmanos ficaram com apenas 40% do local, sendo os outros 60% destinados a fiéis judeus, com uma entrada separada.
Foram fechadas várias ruas comerciais, a mais importante das quais a Rua Shuhada, ainda hoje vedada aos palestinos. Também foram criados postos de controlo (checkpoints) do exército sionista para restringir os movimentos de palestinos, mas os colonos israelitas continuam a movimentar-se livremente e sem quaisquer restrições.
Vinte e cinco anos depois do massacre, o memorial a Baruch Goldstein no colonato de Kiryat Arba continua a ser local de peregrinação para judeus extremistas.
Muito mais grave do que isso é o facto de o kahanismo, a ideologia fascista e racista subjacente ao massacre de Hebron, estar a ser reabilitada e prestes a reentrar no Knesset (parlamento israelita), que Kahane foi forçado a abandonar em 1988 — mas agora pela mão do primeiro-ministro de Israel!
Com efeito, com vista a reforçar o bloco de ultra-direita nas eleições de 9 de Abril, Benjamin Netanyahu insistiu pessoalmente na concretização de um pacto eleitoral da reencarnação actual do kahanismo, o partido Otzma Yehudit (Poder Judaico), com o partido dos colonos Habayit Hayehudi (Lar Judaico). Se as urnas forem favoráveis a Netanyahu, os herdeiros dos fascistas-racistas Meir Kahane e Baruch Goldstein já têm lugares garantidos no futuro governo.
Assim vai «a única democracia do Médio Oriente»…