Presidente Mahmoud Abbas aceita a demissão do governo palestino
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, aceitou esta terça-feira a demissão do primeiro-ministro Rami Hamdallah e do seu governo. Hamdallah ficará à frente de um governo de gestão até à formação de um novo executivo.
Hamdallah presidiu ao governo desde Setembro de 2013, nomeado por Abbas, e em Fevereiro de 2014 formou o governo de reconciliação nacional com base num entendimento entre todos os movimentos palestinos. Embora membro da Fatah, é um académico e não tem um cargo dirigente no movimento.
A demisssão do governo surge na sequência da recomendação do Comité Central da Fatah — o partido hegemónico na Autoridade Palestina e na Organização de Libertação da Palestina — de formar um novo governo composto por membros dos movimentos pertencentes à OLP e independentes. A Fatah justificou a medida com «a intransigência do Hamas e a sua recusa de tratar com o governo da reconciliação nacional».
O Hamas não pertence à OLP, e a decisão de Mahmoud Abbas é vista por alguns analistas como parte dos seus esforços para isolar ainda mais o movimento rival, que governa a Faixa de Gaza.
Fatah e Hamas assinaram em Outubro de 2017 um acordo de reconciliação, sob mediação egípcia, que deu início a um negociações para a Autoridade Palestina retomar o governo em Gaza e assumir o controlo dos pontos de passagem do pequeno enclave costeiro para o Egipto e Israel. Porém, as negociações depararam-se com numerosos obstáculos, e a divisão não só persiste como parece ter-se agravado.
Reagindo à medida, o porta-voz do Hamas declarou que o governo dirigido por Hamdallah «aprofundou consideravelmente a divisão interna», acrescentando que «o povo palestino precisa actualmente de um governo de unidade nacional e de um Conselho Nacional consensual. Além disso, devem realizar-se eleições gerais: eleições presidenciais, parlamentares e nacionais [para o Conselho Nacional Palestino, órgão de topo da OLP]».
Por seu turno, a Frente Democrática para a Libertação da Palestina, um dos movimentos que compõem a OLP, descartou ontem a participação no novo governo palestino, afirmando que a formação de um novo governo «não é uma prioridade nacional para contrariar o “acordo do século”, as políticas da ocupação israelita, a criação do grande Israel à custa dos palestinos ou para defender os direitos dos palestinos».
Também a Frente Popular para a Libertação da Palestina, a segunda maior força da OLP, terá rejeitado participar no novo governo a formar, segundo o site Middle East Monitor.