Há dez anos, o início da criminosa operação «Chumbo Fundido» contra a Faixa de Gaza

Em 27 de Dezembro de 2008, há dez anos, Israel lançou contra a população palestina indefesa da Faixa de Gaza a chamada operação «Chumbo Fundido».

Durante vinte e três dias o exército israelita — o mais poderoso do Médio Oriente — fustigou impiedosamente os palestinos da Faixa da Gaza. Quando a operação terminou, em 18 de Janeiro de 2009 — dois dias antes da tomada de posse de Barack Obama —, tinham-se registado mais de 1400 mortos palestinos – entre os quais 138 crianças – e enormes destruições. Um saldo sangrento que não pode ser classificado senão como prática de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Segundo dados das Nações Unidas, perto de seis mil e quatrocentas habitações foram totalmente destruídas ou sofreram danos estruturais profundos. Ficaram desalojadas vinte mil pessoas, a grande maioria das quais refugiados. Foram duramente atingidas as infra-estruturas de electricidade e água e total ou parcialmente destruídas perto de trezentas escolas e jardins de infância, hospitais e centros de saúde, mesquitas, inúmeros edifícios e serviços públicos, e até instalações da ONU.

Assinalar hoje o décimo aniversário da agressão israelita de 2008-2009 contra a Faixa de Gaza é um irrenunciável dever ético, homenageando a memória dos milhares de vítimas indefesas.

Mas é também um momento para denunciar a persistência e agravamento, desde então, de todos os traços odiosos da política do Estado sionista contra o povo palestino.

Repetiram-se as criminosas agressões militares contra a a Faixa de Gaza, cuja população está desde há mais de uma década encarcerada numa prisão a céu aberto donde é impossível fugir. E a matança prossegue, como comprovam as mais de duas centenas de participantes desarmados na Grande Marcha do Retorno que caíram vítimas dos atiradores de elite do exército sionista.

Permanece e agrava-se a ocupação militar, que dura há mais de 50 anos, da Cisjordânia e de Jerusalém Leste, mantida a golpes de humilhações diárias e repressão violenta. Nos cárceres israelitas encontram-se mais de cinco mil presos políticos palestinos. O vergonhoso Muro do Apartheid retalha o território palestino. O número de colonos israelitas nos territórios ocupados de Jerusalém Leste e da Cisjordênia ultrapassa já os 600 000 e não pára de aumentar. Parte significativa do território palestinos ocupado está já anexado de facto e crescem em Israel os apelos à sua anexação «legal».

Neste momento, em que é patente o falhanço dos Acordos de Oslo — cujos 25 anos agora se completam —, adensam-se sobre o povo palestino novas ameaças. O «acordo do século» anunciado pelo governo dos Estados Unidos está já a ser posto em prática ainda antes de formalmente apresentado. O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e a transferência para aí da embaixada estado-unidense, por um lado, e a retirada do financiamento à UNRWA (a agência da ONU de assitência aos refugiados palestinos) são já tentativas de afastar da solução da questão palestina pontos tão fundamentais como o estatuto de Jerusalém e o problema dos refugiados.

Por isso, marcar hoje o décimo aniversário da criminosa operação «Chumbo Fundido» não pode também deixar de ser a ocasião para reafirmar a solidariedade com a luta heróica do povo palestino pelos seus direitos nacionais imprescritíveis, e nomeadamente pela criação de um Estado Palestino, viável e soberano, em território da Palestina, tendo Jerusalém Leste por capital, e por uma solução justa do problema dos refugiados de acordo com as resoluções da ONU.

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