O MPPM alerta para a extrema gravidade da situação na Faixa de Gaza
Comunicado 17/2018
O MPPM alerta para a extrema gravidade da situação criada na Faixa de Gaza na sequência da incursão de um comando de tropas especiais israelitas que na noite de domingo se infiltrou neste território palestino.
A acção encoberta e ilegal das tropas israelitas, detectada por elementos palestinos armados, desencadeou uma sequência de acontecimentos de consequências incalculáveis. Da troca de tiros entre o comando israelita e as forças palestinas resultou no imediato a morte de sete palestinos e de um oficial israelita. Para proteger a fuga dos seus infiltrados, a aviação israelita efectuou dezenas de ataques com tiros de tanques e com meios aéreos, aviões e helicópteros.
Desde então, a situação não tem cessado de se agravar. Num balanço a meio do dia de terça-feira, 13 de Novembro, Israel já lançou cerca de uma centena de ataques, de que resultaram seis mortos e a destruição de edifícios públicos e privados na Faixa de Gaza, incluindo a televisão Al-Aqsa. Os movimentos armados palestinos ripostaram com o lançamento de meio milhar de rockets dirigidos ao território israelita, registando-se um morto. Desde o início da Grande Marcha do Retorno, em Março último, o exército israelita matou cerca de 220 pessoas, incluindo mulheres e crianças, jornalistas, enfermeiros e paramédicos.
Sendo de lamentar todas as mortes, nomeadamente de civis, o MPPM rejeita qualquer tentativa de salomonicamente igualizar as responsabilidades entre as duas partes. É impossível pôr no mesmo pé os meios bélicos de Israel, que dispõe das forças armadas mais poderosas do Médio Oriente, e é a única potência nuclear da região, e dos movimentos armados da resistência palestina. Quaisquer que sejam os juízos que em cada momento se possa fazer sobre os meios e a oportunidade, não pode ser posto em causa o direito de resistência à opressão e à ocupação daqueles que são as suas vítimas.
O MPPM sublinha que o fundo da questão de Gaza é o brutal e sufocante bloqueio a que Israel, a potência ocupante, sujeita desde há mais de onze anos este território palestino e os seus dois milhões de habitantes.
Quaisquer que venham a ser os desenvolvimentos nas próximas horas ou dias, o MPPM alerta que, enquanto não for resolvida essa questão de fundo, estará sempre presente o risco de uma nova guerra de agressão de grande escala de Israel contra o território palestino da Faixa de Gaza, a exemplo do que ocorreu nas chamadas operações «Chumbo Fundido» (2008-2009), «Pilar de Defesa» (2012) e «Margem Defensiva» (2014), que se saldaram em milhares de mortos e feridos palestinos e em destruições materiais imensas.
O MPPM reitera que nenhuma solução durável poderá ser encontrada para a questão de Gaza sem o fim do bloqueio israelita a Gaza, tal como nenhuma solução durável poderá ser encontrada para a questão palestina sem o fim da ocupação israelita e sem o reconhecimento dos imprescritíveis direitos nacionais do povo palestino, incluindo um Estado palestino independente, soberano e viável.
Lisboa, 13 de Novembro de 2018
A Direcção Nacional do MPPM