Bolsonaro quer transferir embaixada brasileira para Jerusalém, Netanyahu aplaude

O presidente eleito do Brasil, o político de extrema-direita Jair Bolsonaro, confirmou que pretende transferir a embaixada do seu país de Tel Aviv para Jerusalém, violando a legalidade internacional e afrontando os palestinos.

O Brasil tornar-se-ia assim o segundo grande país a fazê-lo, depois dos Estados Unidos.

«Como afirmado durante a campanha, pretendemos transferir a Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém. Israel é um Estado soberano e nós o respeitamos», diz Bolsonaro num post publicado ontem na sua página do Facebook.

Bolsonaro fez declarações similares numa entrevista ao jornal Israel Hayom. «Israel é um país soberano», afirma. «Se vocês decidirem acerca da vossa capital, nós agiremos de acordo com isso.» Bolsonaro acrescentou que Israel pode contar com o voto do Brasil na ONU e insinuou que mudaria o estatuto da embaixada palestina no Brasil: «A Palestina primeiro precisa de ser um país para ter direito a uma embaixada.»

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, saudou os comentários de Bolsonaro, afirmando: «Felicito o meu amigo, o presidente eleito Jair Bolsonaro, pela sua intenção de transferir a embaixada brasileira para Jerusalém, um passo histórico, correcto e emocionante!»

Um alto funcionário israelita declarou na quarta-feira que é «altamente provável» que Netanyahu assista à tomada de posse de Bolsonaro, no próximo dia 1 de Janeiro.

A confirmar-se, a decisão do presidente eleito do Brasil constitui uma violação gravíssima do direito internacional, consignado nomeadamente em numerosas resoluções da ONU, incluindo a resolução 2334 do Conselho de Segurança, de Dezembro de 2016, que explicitamente menciona Jerusalém Oriental como «território palestino ocupado».

Até à decisão dos Estados Unidos, em Dezembro de 2017, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, nenhum país tinha aceitado a soberania israelita sobre Jerusalém Oriental, que os palestinos reclamam como capital do seu futuro Estado independente.

Israel prossegue desde há décadas uma política sistemática de colonização, segregação e limpeza étnica da população palestina de Jerusalém.

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