Ahed Tamimi será julgada à porta fechada, tribunal militar procura esconder julgamento da opinião pública
Ahed Tamimi, a sua mãe Nariman e a sua prima Nour foram hoje presentes ao tribunal militar israelita de Ofer, perto de Jerusalém. O juiz, tenente-coronel Menachem Lieberman, ordenou que o julgamento decorresse à porta fechada, com a presença apenas dos advogados e da família.
O motivo invocado foi o direito de Ahed, como menor, à privacidade. Na realidade, trata-se de uma tentativa pouco velada de amortecer a atenção e indignação internacionais, comprovada pelas centenas de jornalistas, diplomatas e funcionários de organizações de direitos humanos que queriam assistir ao julgamento.
Mas Ahed Tamimi, recorde-se, é apenas o caso publicamente mais notório dos mais de 350 menores palestinos actualmente presos pelos ocupantes israelitas.
A próxima audiência do julgamento de Ahed, Nariman e Nour foi marcada para 11 de Março.
No início da audiência preliminar de hoje, o juiz militar ordenou que os jornalistas saíssem da sala de audiências, determinando que as próximas serão à porta fechada. A advogada de defesa, Gaby Lasky, opôs-se, sublinhando que Ahed e os seus pais renunciam a este direito, pois consideram que é fundamental manter a denúncia pública da violação dos direitos das crianças palestinas.
É surpreendente a súbita preocupação com a privacidade de Ahed, dada a campanha mediática israelita contra ela e as agressivas declarações de destacados políticos, como o ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, que pediu que Ahed ficasse presa durante o resto da vida. Essa preocupação também não se manifestou quando as próprias forças armadas israelitas difundiram um vídeo da prisão da jovem.
E a preocupação do tribunal militar com os direitos de Ahed também não parece ir ao ponto de a deixar aguardar em liberdade o fim do seu julgamento.
Ahed e Nariman Tamimi estão presas há quase dois meses, desde 19 de Dezembro. Ahed foi presa de madrugada na casa da família e a mãe algumas horas mais tarde, quando foi ver a filha. Ahed enfrenta 12 acusações no tribunal militar, todas eles relacionadas com a sua actividade de resistência à ocupação e colonização da Palestina.
Terça, 13 Fevereiro, 2018 - 00:00