Israel rejeita propostas de António Guterres sobre protecção aos palestinos
Israel rejeitou um relatório apresentado na sexta-feira, 17 de Agosto, pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, delineando opções para fortalecer a protecção dos palestinos nos territórios ocupados por Israel.
O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, respondeu que «a única protecção que o povo palestino precisa é dos seus próprios dirigentes».
Guterres apresentou as suas propostas num relatório de 14 páginas, preparado a pedido da Assembleia Geral das Nações Unidas, na sequência da matança de palestinos pelas forças israelitas na Faixa de Gaza, que desde 30 de março, dia do início da «Grande Marcha de Retorno», se salda já em 171 mortos.
A Assembleia Geral pediu o relatório numa resolução adoptada em Junho — por 120 votos a favor, 8 contra e 45 abstenções — que condenava Israel por força excessiva contra os palestinos. A ONU tinha solicitado propostas para garantir «a segurança, a protecção e o bem-estar da população civil palestina sob a ocupação israelita, incluindo recomendações sobre um mecanismo de proteção internacional». Guterres escreveu em seu relatório que "a combinação de ocupação militar prolongada, constantes ameaças à segurança, fracas instituições políticas e um processo de paz em impasse fornece um desafio de proteção que é altamente complexo política, legal e praticamente".
No relatório de 14 páginas, Guterres apresentou várias opções:
• Estabelecer uma «presença mais robusta da ONU no terreno», com monitores de direitos e observadores políticos para relatar a situação.
• Fornecer mais ajuda humanitária e ao desenvolvimento da ONU para «garantir o bem-estar da população».
• Criar uma missão de observadores civis que estaria presente em áreas sensíveis, como postos de controlo e perto de colonatos israelitas, com um mandato para informar sobre questões de protecção.
• Instalar uma força militar ou policial armada, sob mandato da ONU, para fornecer protecção física aos civis palestinos.
Um mandato da ONU para uma força de protecção exigiria uma decisão do Conselho de Segurança, onde os Estados Unidos poderiam usar o seu poder de veto para bloquear uma medida a que Israel se oponha.
«A melhor maneira de garantir a segurança e a protecção da população civil palestina ainda é a negociação de um acordo abrangente, justo e final sobre o conflito árabe-israelita», concluiu Guterres.
«Em vez de sugerir maneiras de proteger o povo palestino de Israel», reagiu o embaixador israelita, «a ONU deveria responsabilizar a direcção palestina por colocar continuamente em perigo o seu próprio povo. As sugestões do relatório só facilitarão o continuado rejeicionismo dos palestinos.»