Há 35 anos, o massacre de Sabra e Chatila: não esquecer o horror, não perdoar o crime
Há 35 anos, no dia 16 de Setembro de 1982, teve início o massacre dos campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, a sul de Beirute, capital do Líbano. Cumprindo ordens de Israel, que invadira o Líbano e controlava Beirute, a Falange, uma milícia libanesa cristã comandada e armada por Israel, entrou nos campos e até ao dia 18 entregou-se a uma matança selvática. Soldados israelitas controlavam o perímetro dos campos, e durante a noite disparavam foguetes luminosos para ajudar a acção dos criminosos falangistas.
O massacre foi de uma barbaridade inaudita. Ao entrar no campo de Chatila no dia 19, a americana Janet Lee Stevens, que trabalhava para a Amnistia Internacional, deparou-se com a cena de corpos com membros e cabeças cortadas, alguns
rapazes castrados, corpos retalhados com cruzes. «Vi mulheres mortas nas suas casas com as saias levantadas até a cintura e as pernas abertas; dezenas de jovens mortos a tiro depois de serem alinhados contra uma parede; crianças com a garganta cortada, uma mulher grávida com a barriga aberta, de olhos ainda muito abertos, o rosto enegrecido gritando silenciosamente de horror; inúmeros bebés e crianças pequenas que tinham sido esfaqueadas ou despedaçadas
e que tinham sido atiradas para pilhas de lixo.»
Na época, o número de mortos foi estimado em 700, mas o repórter britânico Robert Fisk, testemunha ocular, diz que o número se aproximou mais de 1700, enquanto a OLP disse que foram mortos quase 3500 palestinos.
Todos os responsáveis pelo massacre permanecem impunes. Ariel Sharon, então ministro da Defesa israelita e supremo comandante militar da invasão do Líbano, e que se encontrava pessoalmente a poucas centenas de metros do local do crime, não só não sofreu qualquer castigo como viria mais tarde a tornar-se primeiro-ministro de Israel.
Ainda que particularmente hediondo, o massacre de Sabra e Chatila não é uma excepção, antes se inclui numa longa série de crimes contra o povo palestino que caracteriza a história de Israel, ainda desde antes da sua criação em 15 de Maio de 1948.
Trinta e cinco anos depois, os nomes de Sabra e Chatila têm de permanecer vivos na memória da humanidade como sinónimos da barbárie e da natureza criminosa do Estado sionista.
Sábado, 16 Setembro, 2017 - 00:00