Vitória palestina: Al-Aqsa reaberta, meios de vigilância retirados

Após reabertura, mais de uma centena de feridos em ataque das forças israelitas
A situação em torno do complexo de Al-Aqsa, em Jerusalém Oriental ocupada, conheceu hoje, quinta-feira, 27 de Julho, um desenlace provisório que constitui uma vitória dos palestinos.
O governo de Benjamin Netanyahu foi forçado pela firmeza dos protestos dos palestinos, sobretudo de Jerusalém Oriental mas também dos restantes territórios palestinos ocupados, a ceder: primeiro a retirar os pórticos detectores de metais à entrada do Haram al-Sharif (Nobre Santuário) / Esplanada das Mesquitas, depois a renunciar à instalação de câmaras «inteligentes», e finalmente a franquear aos fiéis muçulmanos a totalidade das entradas no santuário, contrariamente ao anunciado.
Este encadeado de medidas e recuos surge na sequência da interdição durante dois dias do acesso ao complexo de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islão, após um ataque ocorrido em 14 de Julho, em que três palestinos mataram a tiro dois polícias israelitas (uns e outros palestinos com cidadania israelita), antes de serem eles próprios mortos.
As medidas israelitas provocaram protestos generalizados em Jerusalém Oriental e na Margem Ocidental, sendo consideradas pelos palestinos como mais uma tentativa de Israel de controlar locais importantes do território palestino ocupado e normalizar medidas repressivas contra os palestinos.
As autoridades religiosas do complexo de Al-Aqsa recusaram aceitar a entrada dos fiéis enquanto não fosse reposta a situação existente antes de 14 de Julho. Também o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, anunciou o congelamento das relações com Israel enquanto a situação não fosse sanada. Os protestos contaram com o apoio da generalidade das forças nacionais e islâmicas palestinas, que tinham já convocado protestos e orações nas ruas e praças da Palestina para a próxima sexta-feira, dia santo para os muçulmanos.
Durante dez dias, os fiéis muçulmanos recusaram entrar em Al-Aqsa submetendo-se às medidas israelitas, realizando aos milhares as orações na rua e sofrendo uma violenta repressão israelita, com a utilização de cargas a cavalo, canhões de água, gás lacrimogéneo, granadas atordoantes, balas de aço revestidas de borracha e mesmo fogo real.
Durante estes dias, quatro palestinos foram mortos pelas forças repressivas israelitas e mais de 1000 ficaram feridos.
Na noite de quarta-feira, a retirada das infra-estruturas para as câmaras «inteligentes», seguindo-se à dos pórticos detectores de metais, foi saudada pelos manifestantes palestinos com gritos de vitória e lançamento de fogo de artifício.
Durante o dia de hoje, quinta-feira, as autoridades israelitas tentaram manter fechada a Porta da Remissão (Bab al-Hutta), perto da qual tinha ocorrido o ataque de dia 14. Porém, também aqui tiveram de ceder, após negociações com o Waqf (organismo religioso que administra o complexo), face à firmeza e carácter maciço dos protestos realizados e anunciados.
Porém, apenas uma hora depois de milhares de fiéis palestinos entrarem no complexo de Al-Aqsa pela primeira vez em quase duas semanas, as forças israelitas, alegando terem sido alvo de pedradas, dispararam sobre os fiéis com gás lacrimogéneo e balas de aço revestidas de borracha, utilizando também gás pimenta. Segundo o Crescente Vermelho palestino, houve cerca de 115 feridos, 15 dos quais evacuados para o hospital.
Os soldados israelitas também retiraram as bandeiras palestinas que os fiéis tinham erguido sobre Al-Aqsa para comemorar a entrada no complexo.
Cerca das 19h, testemunhas no local afirmavam que as forças israelitas só permitiam a entrada no complexo de mulheres e idosos.
 
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