Hamas lança novo documento de princípios, aceita fronteiras de 1967 para futuro estado palestino
O Hamas (Movimento de Resistência Islâmico) anunciou ontem, 1 de Maio, um novo Documento de Princípios e Políticas Gerais. Segundo a agência noticiosa palestina Ma'an, o documento aceita um Estado palestino dentro das fronteiras da «Linha Verde» de 1967, ao mesmo tempo que rejeita qualquer legitimidade da «entidade sionista», ou seja, o Estado de Israel.
«O Hamas rejeita qualquer alternativa à libertação total e completa da Palestina, do rio até ao mar. Contudo, sem comprometer a sua rejeição da entidade sionista e sem abrir mão de quaisquer direitos dos palestinos, o Hamas considera a criação de um Estado palestino plenamente soberano e independente, com Jerusalém como sua capital, nas linhas de 4 de Junho de 1967, com o retorno dos refugiados e dos deslocados às suas casas de onde foram expulsos, para ser uma fórmula de consenso nacional», afirma-se no documento.
O reconhecimento das fronteiras de 1967 afasta-se da postura anterior do grupo, expressa na sua Carta (1988), que considerava que «toda a terra palestina é sagrada; não pode haver fim ao conflito com Israel».
O novo documento sublinha a importância de Jerusalém como capital do Estado palestino e a importância da mesquita de Al-Aqsa para os palestinos e os muçulmanos.
O Hamas mantém a sua posição sobre a questão dos refugiados palestinos, dizendo que o direito de retorno é um direito «inalienável» e «natural, tanto individual como colectivo».
«O projecto sionista é um projecto racista, agressivo, colonial e expansionista baseado no confisco das propriedades de outros», diz o documento referindo-se a Israel, acrescentando que ele «é hostil ao povo palestino e à sua aspiração à liberdade, libertação, retorno e autodeterminação».
O Hamas reafirma também a legitimidade da resistência armada contra a ocupação, embora aceite outras formas de resistência não violenta.
Também diferentemente da Carta de 1988, o Hamas afirma neste novo documento que o conflito «é com o projecto sionista, não com os judeus por causa de sua religião».
«O Hamas não trava uma luta contra os judeus por serem judeus, antes trava uma luta contra os sionistas que ocupam Palestina. No entanto, são os sionistas que constantemente identificam o judaísmo e os judeus com o seu próprio projecto colonial e entidade ilegal», afirma o documento.
Terça, 2 Maio, 2017 - 00:00