Israel admite ter «perdido» restos mortais de palestinos

O governo israelita admitiu ter perdido os restos mortais de sete palestinos que foram mortos ao «cometer actos de terror» durante a Segunda Intifada, informou no dia 10 de Março o diário israelita Haaretz. A confissão está contida na resposta do Gabinete do Procurador do Estado israelita a requerimentos apresentados ao Supremo Tribunal de Israel por famílias dos palestinos mortos, exigindo a devolução dos corpos.
Porém, de pessoas afirma o Haaretz, é provável que o número cujos locais de sepultura são desconhecidos seja muito superior. Durante uma sessão do Supremo Tribunal no mês passado, promotores israelitas disseram que, de 123 petições apresentadas por famílias palestinas até 2015, apenas dois corpos tinham sido localizados.
Um funcionário superior do Ministério da Justiça, citado pelo Haaretz, afirmou sob anonimato: «Temos de dizer a verdade: perdeu-se o rasto a alguns dos corpos.» Outro funcionário, também sob anonimato, declarou que ainda há que determinar quem efectuou os enterros: «algumas empresas que trabalhavam para o Instituto Nacional de Seguros» ou a polícia israelita. Uma dessas empresas faliu há alguns anos, e os documentos relativos às identidades dos enterrados foram destruídos.
Dalia Kirshstein, directora do Centro israelita de Defesa do Indivíduo, criticou o governo de Israel, dizendo que «cada lápide judaica quebrada em qualquer parte do mundo levanta um clamor em Israel, mas quando se trata de dezenas de corpos de palestinos que desapareceram, há um completo silêncio».
Segundo a agência informativa palestina Ma'an, Israel tem sido alvo de duras críticas de grupos de direitos humanos no passado ano e meio por continuar a aplicar uma política de retenção de corpos de palestinos mortos por forças israelitas, sob a alegação de que os funerais davam azo a «incitação» contra o Estado de Israel.
Um comunicado conjunto divulgado em Março de 2016 pela Addameer, organização palestina de defesa dos presos, e pela Adalah, organização israelita de direitos das minorias, condenou a prática de retenção de corpos, classificando-a de «grave violação do direito internacional humanitário, bem como do direito internacional dos direitos humanos».
 
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