MPPM condena escalada de violência israelita em Jerusalém Oriental
O MPPM condena a restrição por Israel do acesso ao complexo de Al-Aqsa e o agravamento da repressão em toda a Jerusalém Oriental, numa escalada de tensão que visa aprofundar a política israelita de anexação do território palestino.
Na sexta-feira, 14 de Julho, um tiroteio na Cidade Velha de Jerusalém que terminou no Haram al-Sharif/Esplanada das Mesquitas resultou na morte dos três atacantes e de dois polícias de fronteira israelitas, uns e outros palestinos com cidadania israelita.
Israel prendeu brevemente o Mufti de Jerusalém e impôs durante dois dias o encerramento total do local, pela primeira vez desde há muitos anos. Violando a liberdade de culto e pondo em causa o estatuto do local sagrado, de que é garante a Jordânia, o acesso a Haram al-Sharif só foi permitido por Israel depois da instalação nas suas entradas de pórticos detectores de metais.
Como forma de protesto, os fiéis palestinos recusam-se a entrar e as orações têm sido realizadas na rua, sob pesada e provocatória vigilância israelita, mas contando com um amplo movimento de solidariedade das comunidades cristãs da cidade. As forças repressivas israelitas têm utilizado meios violentos para dispersar os crentes, recorrendo a cargas a cavalo, canhões de água, gás lacrimogéneo, granadas atordoantes e balas reais. Foram mortos a tiro, pelo menos, quatro palestinos, havendo mais de um milhar de feridos. Continua a reinar uma atmosfera de medo na Cidade Velha de Jerusalém, onde é proibida a entrada de todos os não residentes, incluindo lojistas, trabalhadores e prestadores de serviços essenciais.
Os acontecimentos dos últimos decorrem numa área, Jerusalém Oriental, que o direito internacional considera território ilegalmente ocupado por Israel desde Junho de 1967. Não é reconhecida por nenhum país a anexação de Jerusalém Oriental nem a sua declaração como capital de Israel, sendo essa a razão por que não existe aí qualquer embaixada estrangeira.
Desde 1967 Israel vem realizando uma campanha sistemática com vista a alterar a composição demográfica de Jerusalém Oriental. Em 10-11 de Junho de 1967, logo após a ocupação da cidade, Israel destruiu 135 casas do bairro Mughrabi, adjacente ao complexo de Al-Aqsa, e expulsou os seus 700 residentes. A partir daí, tem-se assistido a uma sucessão ininterrupta de medidas, visando a «judaização» de Jerusalém Oriental, através da proibição de construção e da expulsão da população palestina, ao mesmo tempo que aumenta exponencialmente o número de colonatos israelitas, ilegais, onde residem actualmente mais de 200.000 colonos.
Tal como o vergonhoso e ilegal Muro do Apartheid que serpenteia pela Margem Ocidental e também pelo território de Jerusalém Oriental, o projecto israelita de construção de um novo colonato de 1100 unidades habitacionais entre Jerusalém e Ramala, recentemente revelado pela imprensa israelita, é mais um exemplo da tentativa de isolar Jerusalém do restante território palestino, com o propósito transparente de completar a anexação de toda a cidade e impedir que Jerusalém Oriental se converta na capital de um futuro Estado palestino independente.
Face às medidas repressivas de Israel e à sua flagrante violação do direito internacional, a comunidade internacional, incluindo o Estado português, não pode limitar-se a ocas condenações da «violência» e a salomónicos apelos à contenção que põem em pé de igualdade agredidos e agressores, as vítimas e os fautores da opressão e da ocupação.
Neste ano do 50º aniversário da ilegal ocupação da totalidade do território da Palestina, é tempo de a comunidade internacional assumir as suas responsabilidades e fazer com que Israel cumpra finalmente as inúmeras resoluções da ONU que impunemente viola desde há décadas. É tempo de garantir ao martirizado povo palestino o seu direito a uma existência em paz e segurança, à constituição do seu Estado independente e soberano, contíguo e viável, com capital em Jerusalém Oriental.
Lisboa, 24 de Julho de 2017
A Direcção Nacional do MPPM