O plano de paz do sionista «de esquerda» Herzog: palestinos quietos e calados durante 10 anos, depois falamos

Isaac Herzog, líder do Partido Trabalhista israelita (membro da Internacional Socialista) apresentou hoje, num artigo de opinião publicado no jornal israelita «Haaretz», o seu plano (road map) para retomar as negociações com os palestinos.
Herzog começa por afirmar o seu compromisso com a solução de dois Estados, mas o seu plano em dez pontos inclui a conclusão do Muro do Apartheid, nomeadamente em torno de Jerusalém (incluindo Jerusalém Oriental, ilegalmente ocupada), a manutenção dos colonatos, a continuação da actuação das forças armadas israelitas na Margem Ocidental ocupada, a persistência de estritas medidas de segurança (ou seja, o bloqueio assassino) da Faixa de Gaza.
Ainda assim, as negociações israelo-palestinas só teriam início após um período de dez anos sem «terrorismo» e em que a parte palestina seria responsável pela sua prevenção (ou seja, os próprios palestinos teriam de reprimir a resistência à ocupação). E as negociações seriam «sem condições prévias», expressão que Israel utiliza para significar que tenciona ignorar todo o acervo do direito internacional e das resoluções da ONU.
A aplicação deste plano «inovador» permitiria a Israel avançar com a criação de instituições conjuntas com outros países do Médio Oriente nos domínios da segurança, da economia, da água, propondo até que Jerusalém se transforme no centro dessa comunidade regional. O que vai exactamente no mesmo sentido de declarações recentes de Netanyahu e Trump no sentido de «oficializar» a aliança de Israel com diversos países árabes retrógrados, nomeadamente as petromonarquias.
Apresentando o seu plano como totalmente diferenciado da direita israelita, nomeadamente de Naftali Bennett (do partido de extrema-direita e pró-colonatos Lar Judaico) e do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (do partido Likud), a única preocupação de Herzog é, através de uma ficção de dois Estados — na realidade um Estado israelita e um pseudo-Estado palestino —, preservar o carácter judaico de Israel (onde 20% da população são palestinos muçulmanos e cristãos). Tal como Bennett e Netanyahu.
O que mais uma vez Herzog põe a nu no seu artigo é a completa falência moral desta falsa «esquerda» sionista e a sua adesão aos mesmos princípios discriminatórios e à mesma prática brutal do regime sionista desde a sua fundação, continuando a recusar aquilo que reclama a mais básica justiça e as resoluções da ONU: um Estado palestino contíguo e viável, nas fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Oriental.
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