Cidadãos palestinos de Israel lançam greve geral em protesto contra demolições de casas

Os cidadãos palestinos de Israel lançaram uma greve geral esta quarta-feira, 11 de Janeiro, em protesto contra a demolição de 11 casas na cidade israelita de Qalansawe no dia anterior.
O Alto Comité de Acompanhamento dos Cidadãos Árabe anunciou a greve — que incluiria o fecho de todas as escolas, empresas e locais públicos — na sequência de uma reunião em Qalansawe.
A reunião foi realizada horas depois de escavadoras israelitas arrasarem as casas por terem sido construídas sem licença, uma vez que nos últimos 20 anos as autoridades israelitas rejeitaram tentativas por parte do município para legalizar um plano para a cidade.
As cidades de maioria palestina em Israel iriam participar na greve, incluindo Nazaré, Umm al-Fahm, Rahat e Kuseifa.
O deputado Yousif Jabarin, da Lista Conjunta (coligação de partidos palestinos e da esquerda não sionista em Israel), participando numa manifestação em Umm al-Fahm, classificou a greve como uma expressão bem-sucedida da rejeição pelos cidadãos palestinos de Israel dos «procedimentos racistas» do governo de Israel.
Por seu lado, o deputado Dov Khenin (Lista Conjunta) visitou Qalansawe e expressou o seu pesar às famílias afectadas pelas demolições, declarando que o governo de Israel levou meses para tomar uma decisão acerca do posto avançado de Amona (construído em terrenos privados palestinos e considerado ilegal até à luz do direito israelita), enquanto as demolições em Qalansawe ocorreram «em segundos».
De facto, quando se trata dos cidadãos palestinos de Israel, o governo aplica a lei sobre as construções ilegais e num só dia arrasa 11 casas numa só cidade, o número mais alto em décadas. Mas a decisão sobre o posto avançado de Amona arrasta-se há anos e foi mais uma vez adiada.
De qualquer modo, é impossível a comparação entre os colonos israelitas e os cidadãos palestinos de Israel. Estes constroem em terrenos de sua propriedade e não em terrenos roubados ao abrigo da ocupação.
Uma série de acontecimentos das últimas semanas — a resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, a sentença no caso do soldado Elor Azaria, o caso do deputado Basel Ghattas e o ataque a soldados israelitas com um camião no domingo passado em Jerusalém Oriental ocupada — criaram na opinião pública de direita em Israel um clima de «vingança» a que o governo veio responder com as demolições.
Segundo a ONG palestina Adalah, a população palestina em Israel necessita de 13.000 novos fogos por ano, mas na prática apenas são construídos 7000. «Em resultado da recusa generalizada do governo de autorizar um número suficiente de licenças de construção em comunidades árabes, o fenómeno da construção “ilegal” é generalizado … A falta de habitação nas comunidades árabes de Israel não é o resultado de falhas específicas ou da negligência não intencional das autoridades estatais. É antes o produto de uma política sistemática e deliberada desde 1948 que vê os cidadãos palestinos como inimigos e estrangeiros», declara a Adalah.
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