Netanyahu apoia perdão para soldado israelita condenado por homicídio de palestino

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou-se na quarta-feira, 4 de Janeiro, favorável ao perdão ao soldado israelita Elor Azaria, condenado por homicídio culposo.
Em Março de 2016 Azaria matou a tiro à queima-roupa o palestino Abd Fatah al-Sharif, de 21 anos, em Hebron. Sharif jazia inanimado no chão depois de ser atingido a tiro ao tentar esfaquear um soldado israelita. A cena foi filmada por um activista palestino ao serviço da organização israelita de direitos humanos B'Tselem.
O tribunal militar israelita aceitou os argumentos da acusação, segundo a qual Azaria não tinha justificação para matar Abd al-Fattah al-Sharif, baseando-se em parte nos testemunhos dos próprios comandantes de Azaria, que na altura afirmou que Sharif «merece morrer». O juiz considerou que o Sharif «não representava uma ameaça».
Netanyahu (desautorizando o próprio sistema judicial das forças armadas israelitas!) emitiu uma declaração nas redes sociais na qual diz: «Os soldados da IDF [exército de Israel] são todos nossos filhos e filhas, e precisam de se manter-se acima de disputas. Eu apoio o perdão a Elor Azaria.»
Elor Azaria tem recebido um apoio maciço de cidadãos de extrema-direita e do governo de Israel, que o classificam de herói nacional.
No exterior do tribunal centenas de apoiantes de Azaria protestaram contra a sentença, registando-se confrontos com a polícia. A imprensa israelita dá conta de ameaças de morte aos juízes e ao próprio chefe de estado-maior das forças armadas.
A Autoridade Palestina descreveu o julgamento como um «julgamento-farsa», proferindo uma sentença branda para o soldado, ao mesmo tempo que usa o caso para desviar as atenções da cultura de impunidade reinante nas forças israelitas.
No mesmo sentido se pronunciou o deputado israelita Ayman Odeh, da Lista Conjunta (coligação de partidos palestinos e da esquerda não sionista em Israel), que declarou: «A diferença entre este caso e centenas de outros é a presença de uma câmara do B'Tselem … Embora seja claro que um soldado é responsável pelas suas próprias acções, realmente responsáveis são os governos de Israel».
Azaria foi o único membro das forças israelitas a ser acusado pela morte de um palestino em 2016, quando, segundo a Human Rights Watch, pelo menos 112 palestinos foram mortos a tiro por israelitas.
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