Extrema-direita israelita e colonos aplaudem escolha de Trump para embaixador em Israel

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, anunciou na quinta-feira, 15 de Dezembro, a nomeação do advogado David Friedman como embaixador em Israel.
Friedman, que é judeu ortodoxo e fala hebraico fluentemente, tem laços antigos com o movimento dos colonatos em Israel. Manifestou oposição à criação de um Estado palestino; apoiou sem reservas os colonatos e a sua legalidade; pôs em dúvida os dados demográficos quanto ao número de palestinos que vivem na Margem Ocidental ocupada; chegou a afirmar que Trump apoiaria a anexação por Israel de grande parte da Margem Ocidental.
Tanto antes como durante a campanha eleitoral exprimiu opiniões que o situariam na extrema-direita do espectro político de Israel (mais à direita do que o próprio primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, dirigente do partido Likud).
Aliás, não por acaso, o primeiro a congratular-se com a nomeação de David Friedman foi Naftali Bennett (dirigente do partido Lar Judaico e ministro da Educação), que é conhecido pelos seus pontos de vista extremistas e tem apelado à anexação do território palestino ocupado da Margem Ocidental.
Também Oded Revivi, destacado dirigente do movimento dos colonos, exprimiu o seu regozijo, declarando que a escolha de Friedman dará aos colonos «uma linha directa para o presidente estado-unidense».
Ao aceitar o cargo, Friedman afirmou que estava ansioso por desempenhar as suas funções na «embaixada dos EUA na capital eterna de Israel, Jerusalém». Esta declaração está em linha com a promessa eleitoral de Trump de mudar a embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém.
Esta possibilidade foi condenada por Saeb Erekat, secretário-geral da OLP. Numa conferência de imprensa realizada sexta-feira (16 de Dezembro), Erekat declarou que o plano de transferir a embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém pode «destruir o processo de paz» e lançar a região numa «via de caos, desordem e extremismo». «O anúncio por Donald Trump do seu governo … é com ele. O que não é com Donald Trump é determinar as capitais de outros países, especialmente quando se trata de Jerusalém Oriental ocupada», acrescentou.
Israel anexou Jerusalém Oriental (bem como a faixa de Gaza e a Margem Ocidental) em 1967 e afirma que a cidade inteira é a sua capital, o que não é reconhecido ao nível internacional.
Os palestinos reclamam a constituição de um Estado independente na Margem Ocidental e na Faixa de Gaza, tendo Jerusalém Oriental como sua capital. Um sério obstáculo a este objectivo é o facto de cerca de 600 000 judeus viverem em colonatos situados nos territórios palestinos ocupados da Margem Ocidental e de Jerusalém Oriental.
 
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