União Europeia intensifica relações comerciais com Israel, não obstante a sua política colonialista e belicista, e empresa portuguesa EPAL segue o exemplo

COMUNICADO 07/2009
No passado dia 4 de Novembro, a União Europeia assinou com o Estado de Israel um novo acordo comercial, envolvendo o comércio de produtos agrícolas, frescos e transformados, e piscatórios. Este acordo, que entrará em vigor em 1 de Janeiro de 2010, traduz um significativo avanço no sentido da liberalização do comércio mútuo, e da integração económica de ambos os mercados.
 
A decisão da União Europeia no sentido do incremento das relações comerciais com o Estado de Israel surge no momento preciso em que o Governo de Israel intensifica a sua política de colonização e exploração dos territórios palestinos ocupados, numa atitude de claro desafio à comunidade internacional e de frontal violação do direito e da legalidade internacional.
 
Mau grado a generalizada condenação à sua política, sublinhada bem recentemente, durante a votação do relatório Goldstone sobre a ofensiva militar de Israel sobre Gaza no Comité de Direitos Humanos das Nações Unidas, o Governo de Benjamin Netanyahu e Avigdor Liberman incrementa a destruição de casas e de campos de cultivo na Margem Ocidental do rio Jordão e em Jerusalém Oriental e alarga os colonatos aí instalados, ao mesmo tempo que prossegue o criminoso bloqueio económico à população sitiada da Faixa de Gaza.
 
A intensificação das relações comerciais da União Europeia com Israel constitui um claro incentivo ao prosseguimento desta ofensiva, e torna os Estados Europeus cúmplices dos crimes que o Governo de Israel vem perpetrando. Importa recordar, a este propósito, que boa parte da produção agrícola de Israel é gerada nos colonatos instalados nos territórios palestinos ocupados e que o direito internacional considera ilegais.
 
Esta decisão, agora tomada pela União Europeia, soma-se a alguns sinais que apontam para o aprofundamento das relações económicas de Israel com alguns estados europeus. A este propósito, são muito preocupantes as notícias sobre a existência de projectos de cooperação, no domínio da segurança, entre a EPAL – subsidiária da empresa Águas de Portugal – e a Mekorot, a empresa nacional de águas de Israel que desempenha um papel estratégico no desenvolvimento da política de colonização nos territórios palestinos ocupados.
 
O Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) torna público o seu protesto e indignação por estas medidas, reclamando do Governo Português e da União Europeia uma inversão destas posições políticas e diplomáticas, e apela à opinião pública nacional para que se mobilize na sua condenação. O MPPM reitera o seu empenho no desenvolvimento da solidariedade com a luta do povo da Palestina contra a ocupação e pelo reconhecimento dos seus direitos políticos nacionais, e na denúncia e condenação da política de ocupação levada a cabo pelo Estado de Israel. 
   
Lisboa, 17 de Novembro de 2009
A Comissão Executiva do MPPM
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