Única central eléctrica de Gaza pára por falta de combustível

A única central eléctrica da Faixa de Gaza deixou de funcionar por causa da falta de combustível, num contexto de agravamento das condições humanitárias no pequeno território palestino cercado.
Mohammed Thabet, porta-voz da Empresa de Electricidade de Gaza, declarou que a central eléctrica parou de funcionar à meia-noite por falta de combustível. «A Faixa de Gaza precisa de cerca de 500 megawatts por dia. Temos um défice energético de 380 megawatts», afirmou.
A paragem da central, que produz cerca de 20 megawatts por dia com combustível importado do Egipto, vem agravar uma já crítica falta de energia. Os dois milhões de habitantes de Gaza só têm cerca de quatro horas de electricidade por dia, produzida por esta central e também proveniente de Israel e do Egipto.
Nas últimas semanas, 3 hospitais e 16 centros médicos deixaram de prestar serviços essenciais devido à escassez de combustível. O combustível para os geradores hospitalares também atingiu níveis críticos.
A central eléctrica já foi temporariamente encerrada várias vezes nos últimos anos devido à falta de combustível, e também foi atingida nas guerras lançadas por Israel contra o enclave.
A Autoridade Palestina, presidida por Mahmoud Abbas, numa medida de retaliação contra o movimento rival Hamas, que governava a Faixa de Gaza, decidiu suspender o pagamento da electricidade fornecida por Israel, piorando uma situação já gravíssima.
Na semana passada, o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) advertiu que a aguda crise energética na Faixa de Gaza está a conduzir o território palestino bloqueado para um desastre.
A Faixa de Gaza está sob cerco israelita, com a colaboração do Egipto, desde Junho de 2007, e tem sido alvo de repetidas agressões militares de Israel. A última, em 2014, matou quase 2200 palestinos e provocou mais de 11.100 feridos, além de enormes danos materiais incalculáveis. As consequências nas condições de vida dos dois milhões de habitantes são catastróficas, nomeadamente no que diz respeito ao fornecimento de água e ao tratamento de esgotos. Segundo relatórios da ONU, a manterem-se as condições actuais, até 2020 a Faixa de Gaza deixará de ser habitável.
 
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