Um palestino morto, 48 feridos, na 50.ª semana da Grande Marcha do Retorno em Gaza

Pelo menos um palestino foi morto e 48 foram feridos nesta sexta-feira pelas forças israelitas que reprimiram os manifestantes da Grande Marcha do Retorno ao longo da vedação com que Israel isola a Faixa de Gaza.

Segundo informa o Ministério da Saúde de Gaza, as forças da ocupação sionista disparam balas reais e balas revestidas de borracha contra os manifestantes. Tamer Khaled Arafat, de 23 anos, foi morto por uma bala real que o atingiu na cabeça. Também 24 manifestantes foram feridos por balas reais, enquanto muitos outros foram feridos por balas revestidas de borracha.

Quatro paramédicos foram directamente atingidos e feridos por bombas de gás lacrimogéneo ou granadas atordoantes, ao passo que dois jornalistas foram feridos por balas reais. Foram também feridos 15 menores e duas mulheres.

Milhares de palestinos manifestaram-se neste 8 de Março ao longo da vedação entre a Faixa de Gaza e Israel, na 50.ª sexta-feira consecutiva da Grande Marcha de Retorno, que se iniciou em 30 de Março de 2018. Por se realizar no Dia Internacional da Mulher, a manifestação recebeu o nome de «Sexta-feira da Mulher Palestina».

Investigadores independentes da ONU divulgaram na semana passada um relatório dizendo que as forças militares israelitas podem ter cometido crimes de guerra e crimes contra a humanidade na repressão dos manifestantes desarmados da Grande Marcha do Retorno.

Segundo o relatório, entre 30 de Março e 31 de Dezembro de 2018, os soldados israelitas mataram 189 palestinos que participavam nas manifestações, 183 dos quais com munições reais.

Só no dia 14 de Maio, que marcou o 70.º aniversário da Nakba (catástrofe, a expulsão de mais de 700 000 palestinos por ocasião da criação de Israel), as forças sionistas mataram 60 manifestantes, o maior número de mortos num único dia em Gaza desde a agressão militar israelita de 2014. A comissão reportou também 6106 pessoas feridas por munições reais, incluindo 940 menores, 39 agentes de saúde e 39 jornalistas.

Além disso, o OCHA (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários) calculou que 23 313 palestinos foram feridos pelas forças israelitas no contexto das manifestações, incluindo por inalação de gás lacrimogéneo e por serem atingidos pelas granadas de gás, contribuindo para que 2018 fosse o ano com o maior número de feridos registados no Território Palestino Ocupado desde 2005.

A Faixa de Gaza tem dois milhões de habitantes, 75% dos quais refugiados (e seus descendentes) da limpeza étnica efectuada pelos sionistas em 1948.

Os manifestantes exigem o direito dos refugiados palestinos e seus descendentes a voltarem para suas casas na Palestina histórica — como prevê a Resolução 194 da Assembleia Geral da ONU —, de onde foram expulsos em 1948 na campanha de limpeza étnica por ocasião da fundação do  Estado de Israel. Exigem tmbém o fim do bloqueio que Israel (com a colaboração do Egipto) impõe há 12 anos à Faixa de Gaza e que está a provocar uma verdadeira catástrofe humanitária. 

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