Tribunais militares de Israel multam palestinos em 14 milhões de euros em 3 anos

Os tribunais militares de Israel impuseram multas no valor de 60 milhões de shekels (14 milhões de euros) aos palestinos da Cisjordânia ocupada entre 2015 e 2017.

O jornal israelita Haaretz, que publicou a notícia, diz não se tratar de um caso excepcional. Com efeito, em 2011 as multas totais impostas aos palestinos pelos tribunais militares israelitas — a Cisjordânia está submetida a regime militar desde que foi ocupada por Israel, em 1967 — atingiram cerca de 13 milhões de shekels (3 milhões de euros), de acordo com números obtidos pelo jornal.

O Haaretz ilustra com alguns exemplos a arbitrariedade das multas — um instrumento repressivo da ocupação israelita muito penalizante para a população palestina, na sua generalidade com rendimentos muito baixos: o salário mínimo na área administrada pela Autoridade palestina é de 345 euros, mas muita gente nem isso recebe.

Um residente de Beit Ummar foi condenado em Dezembro de 2018 por atirar uma pedra contra as forças de ocupação israelitas de uma distância desconhecida. Embora a pedra não tenha atingido ninguém e não tenha causado nenhum dano, foi condenado a seis meses e um dia de prisão e multado em 2000 shekels (475€).

Em Outubro de 2018, um tribunal militar israelita condenou um homem de 45 anos por aquilo que considerou um «delito terrorista hostil», a saber, ter ido a um piquenique de família levando uma caçadeira com uma bala. Após um acordo judicial, foi condenado a dois meses de prisão e multado em 3000 shekels (715€).

Um caso particularmente cruel diz respeito a um rapazinho de 12 anos preso em finais de Janeiro de 2017 pela polícia, com a acusação vaga de que tinha atirado pedras a carros na Estrada 465 «ou num local próximo». A libertação imediata do rapaz implicava um pagamento de 5000 shekels (1200 €). Como a família não dispunha dessa soma, foi forçada a aceitar um acordo segundo o qual o menino foi condenado a 31 dias de prisão e a uma multa de 500 shekels (120€).

«As multas impostas aos palestinos nos tribunais militares [israelitas] são extremamente exageradas, na sua dimensão relativamente ao tamanho da população e também à sua capacidade económica», segundo afirmou ao jornal o grupo israelita Combatants for Peace (Combatentes pela Paz).

Um membro deste grupo declarou ao jornal que, na região do Vale do Jordão da Cisjordânia ocupada, às vezes chegavam a 4000 shekels (950 €) as multas para resgatar tractores apreendidos aos agricultores pelas autoridades de ocupação israelitas, impedindo-os de cultivar as suas terras. Trata-se de um exemplo que ilustra bem a ligação entre a aplicação das multas e os intentos de colonização e anexação das autoridades do regime sionista relativamente a um território de onde procuram expulsar a população palestina.

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