Trégua precária em Gaza após nova vaga de ataques israelitas
Um cessar-fogo foi alcançado na Faixa de Gaza este sábado após uma vaga de dezenas ataques aéreos e terrestres israelitas na sexta-feira.
Os ataques israelitas ocorreram após um militar israelita ter sido atingido mortalmente perto da vedação que isola a Faixa de Gaza. Trata-se do primeiro militar israelita a ser morto em torno do pequeno enclave palestino desde a agressão israelita de 2014.
Na sexta-feira quatro palestinos foram mortos pelos ataques israelitas, enquanto mais de 200 pessoas ficaram feridas em mais uma jornada de protestos integrada na Grande Marcha do Retorno.
O cessar-fogo foi quebrado logo no próprio sábado, quando tanques de Israel atingiram um ponto de observação do Hamas a leste da Cidade de Gaza, causando um incêndio e destruindo o local. Este novo ataque israelita a Gaza terá acontecido depois de um grupo de palestinos ter franqueado a vedação que isola a Faixa de Gaza e sabotado um posto israelita, voltando depois para Gaza.
Os ataques israelitas de sexta-feira são apenas a manifestação mais recente da vaga de violência de que a Faixa de Gaza vem sendo vítima.
Já na semana passada ocorreu uma série de graves ataques israelitas, dando origem à mais severa troca de tiros desde a agressão israelita de 2014, tendo as forças da resistência palestina ripostado com o disparo de rockets aos ataques israelitas.
Por outro lado, a brutal repressão israelita das manifestações semanais da Grande Marcha do Retorno, iniciada em 30 de Março, já se saldou em cerca de 150 mortos e mais de 15.000 feridos.
Paralelamente, o criminoso bloqueio a que Israel (com a colaboração do Egipto) submete o pequeno território palestino agravou-se a partir de 10 de Julho com o encerramento por Israel do único posto de passagem de mercadorias entre Israel e a Faixa de Gaza, traduzindo-se numa redução drástica das importações até de artigos de primeira necessidade (o gás de botija já se esgotou) e na proibição total de exportações.
As consequências são gravíssimas para os dois milhões habitantes da Faixa de Gaza, que vivem uma verdadeira catástrofe humanitária. Mais de metade dos quais são crianças e quase 75% são refugiados registados na UNRWA, e esta agência da ONU sofre uma crise financeira sem precedentes provocada pelo corte do financiamento decidido pela administração de Donald Trump. Quase 80% da população de Gaza é forçada a contar com a assistência humanitária para cobrir suas necessidades básicas, incluindo alimentos, e a taxa de desemprego é de 49%.