Tomada de posição do MPPM sobre o bloqueio e a agressão a Gaza

COMUNICADO 01/2008
O governo de Israel continua a desrespeitar as resoluções das Nações Unidas e a violar os direitos do homem, agindo de forma ostensiva contra a população civil da Palestina e prosseguindo, sob vários pretextos, a sua estratégia de criar o grande Israel pretendido pelos fundamentalistas.
 
As recentes incursões militares, acompanhadas de bombardeamentos indiscriminados e do bloqueio a Gaza, com gravíssimas consequências para a população, recordam as tragédias da última guerra mundial, ainda gravadas na nossa memória.
 
É claro que a capacidade de influenciar o Estado de Israel, no sentido de um comportamento compatível com o direito internacional, tem sido atenuada pela visível conivência da administração Bush e de Tony Blair, bem como pela constante hesitação e tolerância por parte da União Europeia.
 
Esta situação só pode agravar o já longo conflito na região, prolongar o sofrimento das populações dos dois lados e dificultar ainda mais o relançar efectivo de negociações eficazes. Prosseguir a agressão contra Gaza serve apenas estratégias e interesses contrários à estabilidade e à paz na região.
 
Perante esta situação, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) reitera o apelo para que o Governo português — cuja capacidade diplomática ficou demonstrada durante a recente presidência da UE — assuma uma posição activa, tendo em vista a adopção pela União Europeia de uma genuína estratégia em prol da paz no Próximo Oriente, enquanto é tempo.
 
A aventura militar de Israel no Líbano e o actual ataque e bloqueio a Gaza requerem, mais do que nunca, por parte da comunidade mundial, uma intervenção inequívoca e solidária, à semelhança do que aconteceu em relação à África do Sul do apartheid, a qual abriu caminho à democratização e ao primado dos direitos humanos naquele país.
 
É altura de accionar medidas susceptíveis de condicionar a política israelita, com vista ao cumprimento das resoluções das Nações Unidas e do direito internacional, designadamente através da adopção de sanções económicas e outras medidas, como um corte significativo das parcerias académicas e científicas com instituições europeias, de modo a apressar a genuína participação de Israel num processo de paz, que assegure a libertação dos territórios palestinianos ilegalmente ocupados e trave as acções agressivas em curso.
 
O apelo da comunidade internacional ao Hamas e a outros grupos para renunciarem à violência deve ser acompanhado de um apelo igualmente assertivo a Israel, para que cesse de cometer actos de agressão e crimes de guerra contra a população da Palestina.
 
O silêncio ou a aquiescência da comunidade internacional perante a reiterada política agressiva de Israel agrava a situação na região e radicaliza as tensões em todo o Médio Oriente, pondo em causa a paz mundial.
 
Lisboa, 28 de Janeiro de 2008
Pela Comissão Instaladora do MPPM
Mário Ruivo
Isabel Allegro de Magalhães
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