Tarde Cultural Palestina em Setúbal
A Associação José Afonso e o MPPM, com o apoio da Casa da Cultura de Setúbal, organizaram, neste domingo, 11 de Novembro, uma Tarde Cultural Palestina.
Helena do Carmo, da Associação José Afonso, deu as boas-vindas, explicou o objectivo da sessão e anunciou o programa.
Seguiu-se a exibição do documentário How Palestine Became Colonized («Como foi colonizada a Palestina»). Trata-se de um documentário produzido em Setembro de 2016 para a Telesur pela jornalista norte-americana Abby Martin integrado no projecto The Empire Files («Os Ficheiros do Império») que dirigiu entre 2015 e 2018. Servindo de introdução à investigação que conduziu na Palestina, este documentário traça a longa história da colonização, expansão e expulsão dos habitantes autóctones da Palestina pelos sionistas. O filme fornece o contexto histórico essencial para entender a situação actual, desde o advento do sionismo à criação do estado de Israel e à sua presente expansão territorial. Dos primeiros colonatos, à Nakba, à conquista da Cisjordânia, Abby Martin desvenda o que está por trás do chamado «conflito israelo-palestino».
Carlos Almeida, do MPPM, lembrou que nesta data se completam 14 anos sobre a morte nunca esclarecida de Yasser Arafat e frisou o papel que ele desempenhou na resistência palestina.
Frisando a qualidade da informação contida no filme anteriormente exibido, completou-a com a projecção de alguns mapas que evidenciam, nomeadamente, a fragmentação do território da Cisjordânia pela construção dos colonatos, pela implantação do Muro, pelas estradas e outras infra-estruturas que isolam cidades, vilas e aldeias palestinas.
Recapitulando os principais eventos desde 1947 até hoje, Carlos Almeida evidenciou uma linha condutora contínua na política sionista: perseguir, dividir, expulsar os palestinos para ocupar as suas terras e as suas casas. A diferença entre Ben Gurion e Netanyahu é apenas aparente. Na realidade, cada um usou a estratégia mais adequada ao seu tempo para prosseguir os objectivos sionistas.
Carlos Almeida chamou a atenção para que a Palestina não é só a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, é também os 7 milhões de refugiados que foram obrigados a fugir das guerras e dos massacres. Alguns deles, lembrou, são já triplamente refugiados.
Estava lançado o debate que animou a assistência que, ignorando o aviso laranja da meteorologia, acorreu à Casa da Cultura de Setúbal para vir ouvir falar da Palestina e expressar a sua solidariedade.
A tarde terminou com poesia dos grandes poetas palestinos dita, de forma muito sentida, pela poeta santomense Olinda Beja, com sublinhado musical na viola por Luís d’Almeida.
Olinda Beja aproveitou para pedir atenção para o seu povo, cuja história é praticamente desconhecida em Portugal: «Encontrei historiadores que ignoravam o que aconteceu e São Tomé e Príncipe em 1953». [Em 3 de Fevereiro de 1953 centenas de trabalhadores em luta foram mortos no que ficou conhecido por Massacre de Batepá].
Olinda Beja finalizou interpretando um poema de sua autoria sobre África, São Tomé e Príncipe e os seus povos.