Sucedem-se os apelos exigindo o cessar-fogo em Gaza

Perante a escalada da violência israelita contra a população palestina, continuam a surgir iniciativas sectoriais exigindo o fim dos bombardeamentos de Israel, um cessar-fogo permanente, o livre acesso da ajuda humanitária e a livre circulação da população de Gaza.

Profissionais da saúde – médicos, enfermeiros e auxiliares – juntaram-se para exigir, em abaixo-assinado, um cessar-fogo imediato e a protecção das instalações e pessoal hospitalar e de saúde, que tem sido duramente atingido pelos bombardeamentos de Israel na Faixa de Gaza. Este abaixo-assinado, que conta já com centenas de assinaturas, encontra-se aberto a novas inscrições de profissionais de saúde. O abaixo-assinado começa afirmando: «Nós, profissionais de saúde portugueses assistimos com profunda indignação e horror aos bombardeamentos e ataques do exército israelita contra hospitais e outras infra-estruturas e serviços de saúde na Faixa de Gaza e noutros territórios palestinianos. No último mês, a OMS registou mais de uma centena de bombardeamentos a serviços de saúde em Gaza, resultando em milhares de mortes e feridos entre a população, incluindo centenas de profissionais de saúde em serviço. Os ataques de Israel que têm como alvo preferencial instalações médicas, profissionais de saúde, doentes e feridos constituem uma violação do Direito e das Convenções Internacionais Humanitárias e dos Direitos Humanos».

No dia 29 de Novembro, Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, mais de uma centena de personalidades das artes, cultura, ciência, academia e outras áreas publicaram um apelo no jornal Público, exigindo uma trégua humanitária imediata, duradoura e sustentada em Gaza. O texto recorda a Resolução aprovada em 27 de Outubro pela Assembleia Geral da ONU. Além da cessação das hostilidades, o abaixo-assinado exige ainda «o fornecimento imediato, contínuo, suficiente e sem entraves de bens e serviços essenciais aos civis em toda a Faixa de Gaza»; «rejeita firmemente quaisquer tentativas de transferência forçada da população civil palestiniana» e afirma a necessidade de uma «solução justa e duradoura», «com base nas resoluções relevantes das Nações Unidas e em conformidade com o direito internacional».

Também fazendo referência à mesma Resolução da Assembleia Geral da ONU, 22 deputados da Assembleia da República, do PCP, PS e BE, subscreveram um apelo com o título «Por um cessar-fogo imediato, duradouro e sustentado levando à cessação da atual escalada de violência», no qual também se rejeitam «firmemente quaisquer tentativas de transferência forçada da população civil palestiniana» e se apela «ao estabelecimento de um cessar-fogo imediato, duradouro e sustentado que conduza à cessação da atual escalada de violência na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, em Jerusalém Oriental e em Israel».

Outra iniciativa recente foi o Apelo da Cultura, assinado por 128 mulheres e homens da cultura. O Apelo começa afirmando: «“Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar.” As imagens de horror que nos chegam de Gaza trazem-nos à memória o poema e a canção que nos falava de outros horrores. No Médio Oriente, e no mundo inteiro, todas as vidas contam, todas as vidas têm o mesmo valor e merecem ser respeitadas, todas as acções que visem populações civis são censuráveis e merecem a nossa condenação. É preciso parar!». Este Apelo foi dinamizado pelo MPPM no âmbito da convocação da grande Manifestação «Paz no Médio Oriente, Palestina Independente - Não à guerra! Não ao massacre!», convocado pelo MPPM, CGTP-IN e CPPC no passado dia 29 de Outubro e que contou com a adesão de cerca de três dezenas de outras organizações e com a participação de muitos milhares de pessoas, que desfilaram do Martim Moniz à Praça do Município, em Lisboa.

Estes apelos juntam-se a outro apelo anterior, dinamizado pelo MPPM, que decorreu antes da recente escalada de guerra. Com o título «Nos 75 anos da Nakba - Apelo à Solidariedade com o Povo Palestino», o Apelo recorda que «na Palestina, todos os dias, vive-se sob a ocupação, o apartheid e a repressão». De forma premonitória, face aos acontecimentos que se viriam a desenrolar no final deste ano de 2023, as largas dezenas de personalidades subscritoras, de várias áreas da vida nacional afirmavam: «Porque não calamos, não esquecemos as tragédias do passado nem silenciamos as violências do presente, porque temos bem consciência das ameaças que pesam sobre o futuro, nós, mulheres e homens da cultura, respondemos ao apelo do MPPM – Movimento pelos Direitos do Povo da Palestina e pela Paz no Médio Oriente e afirmamos a nossa solidariedade com o povo palestino e a sua causa. O tempo é de urgência. Junta-te a nós!»
 

Print Friendly, PDF & Email
Share