Solidariedade com os presos palestinos em greve de fome nos cárceres de Israel
Cerca de 1500 palestinos encarcerados nas prisões de Israel por resistirem à ocupação e à repressão lançaram no dia 17 de Abril uma greve da fome designada «greve da liberdade e dignidade».
A greve da fome é uma medida extrema: privados de outros meios de protesto, os presos usam o seu próprio corpo, põem em risco a sua própria vida para reclamar a melhoria das suas condições e a sua libertação.
Os presos em greve da fome, de todas as tendências políticas, reivindicam direitos básicos como o direito de telefonar às suas famílias, visitas familiares, o acesso ao ensino superior à distância, cuidados médicos e tratamento adequados e o fim dos regimes de isolamento e de detenção sem acusação nem julgamento.
As reclamações dos grevistas da fome têm tido como única resposta a repressão das autoridades israelitas: incursões frequentes no final da noite, transferências abusivas de prisão para prisão, isolamento, negação de visitas de advogados e familiares e confisco de pertences pessoais, incluindo sal (durante o seu protesto os grevistas da fome consomem apenas água e sal).
Após mais de cinco semanas de greve de fome, observa-se uma deterioração cada vez mais acentuada das condições de saúde dos presos palestinos. As autoridades israelitas preparam-se, a exemplo de outras situações no passado, para recorrer à alimentação forçada dos grevistas da fome, em violação do direito internacional, que a considera uma forma de tortura.
Neste momento há nas prisões israelitas mais de 6300 presos palestinos, incluindo 500 em regime de detenção administrativa (sem julgamento nem culpa formada) e 300 menores. Israel tem recorrido desde sempre a uma repressão brutal e maciça: dos anseios de liberdade do povo palestino. desde 1967, o número total de presos e detidos palestinos nas prisões israelitas já ultrapassou os 850.000, ou seja, 20% da população total e 40% da população masculina; 100.000 palestinos já foram submetidos a detenção administrativa (sem julgamento nem culpa formada); 70% das famílias palestinas já tiveram um ou mais membros condenados a penas de prisão em resultado de actividades contra a ocupação.
Saudamos com respeito este grande movimento de resistência dos presos palestinos, realizado em condições extremamente difíceis e que encontra eco em toda a Palestina e no mundo inteiro, e exortamos os cidadãos e as organizações portuguesas amantes da paz e da justiça a demonstrarem-lhes o seu apoio.
Exortamos as autoridades portuguesas a desenvolverem todos os esforços no sentido de deter a repressão deste movimento de protesto dos presos palestinos e de ver atendidas as suas justas reclamações.
Não haverá solução justa para a questão palestina sem a libertação dos presos políticos palestinos dos cárceres de Israel. Trata-se de um dos pontos centrais — a par do fim da ocupação da Margem Ocidental, incluindo Jerusalém Oriental, e do cerco da Faixa de Gaza, e do reconhecimento dos direitos dos refugiados consignados nas resoluções das Nações Unidas — para uma solução justa da questão palestina, que há tanto tempo é devida a este povo martirizado.
Lisboa, 25 de Maio de 2017
Associação Abril
Associação Água Pública
Associação Conquistas da Revolução
Associação de Amizade Portugal-Cuba
Associação dos Amigos do Teatro da Liberdade da Palestina (Portugal)
Associação Portuguesa de Juristas Democratas
Centro InterculturaCidade
Colectivo Mumia Abu-Jamal
Comissão de Reformados da União dos Sindicatos do Distrito de Leiria
Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional
Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos – MURPI
Conselho Português para a Paz e Cooperação - CPPC
Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais
Frente Anti-Racista
Inter-Reformados
Intervenção Democrática
Mó de Vida Cooperativa
Movimento Democrático de Mulheres – MDM
Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – MPPM
Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins -STAL
Tribunal-Iraque (Audiência Portuguesa do Tribunal Mundial sobre o Iraque)
União de Mulheres Alternativa e Resposta – UMAR
União de Resistentes Antifascistas Portugueses – URAP
União dos Sindicatos de Lisboa
União dos Sindicatos do Distrito de Leiria