Solidariedade com as crianças palestinas assassinadas por Israel

Nesta segunda-feira 5 de Maio homenageámos a memória das crianças palestinas assassinadas por Israel em Gaza, numa iniciativa do CPPC, da CGTP-IN, do MPPM e do Projecto Ruído. 

Uma extensa faixa continha os nomes de 2000 crianças, em representação das cerca de 17.400 que Israel assassinou desde Outubro de 2023 – porque cada criança morta tinha um nome, não era um número.

Recolhemos muitas dezenas de postais com mensagens de solidariedade para as crianças e para o povo palestino bem como cartazes com expressões de solidariedade e de protesto.

Mariana Carvalho, dos Pioneiros de Portugal, leu o texto de homenagem às crianças palestinas:

«A mãe, o pai, os irmãos, a família morta, separada ou desaparecida, 

a casa destruída 

a fome, a doença 

a guerra, a morte, as feridas, a dor 

a destruição por todo o lado… 

é isto ser criança na Faixa de Gaza... 

Ser obrigado a sair da sua casa, da sua rua, do seu bairro 

ser privado de água, de comida, de medicamentos e dos cuidados médicos necessários 

ver destruída a sua escola, os hospitais 

sofrer os bombardeamentos, as explosões, os tiros… 

e apesar de tudo viver 

é isto ser criança na Faixa de Gaza... 

Mas as crianças palestinianas, como as crianças portuguesas, 

como todas as crianças em todos os países do mundo... 

têm direito à proteção e à segurança, a viver em paz na Palestina 

têm direito a crescer com as suas famílias e a viver nas suas casas 

têm direito à alimentação e aos cuidados médicos 

têm direito à escola 

têm direito a brincar, a imaginar e a construir um futuro feliz 

têm direito a fazer ouvir a sua voz... 

Mortas e feridas pelas bombas, pelas armas 

sofrendo a desnutrição, a desidratação, o frio... 

Israel continua violentamente a negar às crianças palestinianas aqueles que são os direitos de todas as crianças 

Reem Khaled tinha três anos quando foi morta, juntamente com o seu irmão de cinco anos, Tarek, num ataque aéreo israelita à casa da família no campo de refugiados de Nuseirat, em novembro de 2023. 

Mohammed Abu Hilal tinha apenas um ano, foi morto juntamente com a mãe, Afnan, grávida de sete meses, num ataque aéreo israelita ao acampamento de al-Mawasi — um local que Israel afirmou ser uma "zona segura". 

Hind Rajab viu-se a única sobrevivente num carro cheio de corpos da sua família. 

Foram alvos de um tanque israelita enquanto tentavam fugir do bombardeamento israelita ao bairro de Tal al-Hawa. Ela pediu ajuda ao telefone, ajuda essa impedida por Israel. O seu corpo foi encontrado 12 dias depois, junto dos da sua família e dos socorristas palestinianos que a tentaram salvar. 

A 19 de outubro de 2023, um ataque aéreo israelita atingiu a igreja mais antiga de Gaza, São Porfírio, matando pelo menos 18 pessoas, entre as quais os irmãos Suhail Ramez al-Souri, com 14 anos, Julie Ramez al-Souri, com 12 anos, e Majd Ramez al-Souri, de 10 anos. 

Na noite de 25 de outubro de 2023, Mahmoud foi morto, juntamente com a sua mãe, a sua irmã de sete anos, Sham, o seu sobrinho de um ano e meio, Adam, e outras 21 pessoas, num ataque aéreo israelita ao campo de Nuseirat, onde a família tinha procurado abrigo depois de ter sido instruída pelo exército israelita para se mudar para sul para sua segurança. 

Na Faixa de Gaza Israel mata uma criança a cada 45 minutos 

30 crianças mortas por dia nos últimos 568 dias 

Cerca de 17 400 crianças mortas, das quais 15 600 foram identificadas 

Muitas crianças permanecem desaparecidas sob os escombros

Entre as crianças mortas identificadas 

— pelo menos 825 eram bebés 

— 895 crianças tinham 1 ano 

— 3266 tinham entre 2 e 5 anos 

   4032 tinham entre os 6 e os 10 anos 

— 3646 tinham entre os 11 e os 14 anos 

— 2949 tinham entre os 15 e os 17 anos 

— 8899 eram meninos e 6714 eram meninas 

Os jovens de 17 anos passaram por quatro guerras, 2008-09, 2012, 2014, 2021, e foram mortos na actual 

Cerca de metade dos 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza são  crianças 

Em cada 100 crianças palestinianas na Faixa de Gaza 

— 2 foram mortas 

— 2 estão desaparecidas 

— 3 ficaram feridas, incluindo em estado crítico 

— 5 ficaram órfãs ou separadas dos pais 

— 5 precisam de tratamento para a desnutrição aguda 

As crianças carregam as cicatrizes invisíveis da guerra, traumas que afetam a sua saúde e bem-estar 

Fatima Mohammed Faisal Akela 

Reem Zakaria Yehia Badawi 

Nada Anas Ayman Abd 

Tariq Mohamed Fawzi Shaldan 

Siyala Raafat Jamal Shatat 

Yaman Mahmoud Saeed Maqad 

Youssef Basel Mustafa Al-Adham 

Não esquecemos as crianças da Palestina, nem deixamos silenciar as suas palavras, a sua vontade, os seus apelos, os seus testemunhos... 

Por isso estamos aqui hoje para lhes dar voz para que todas elas tenham o direito a viver sem medo, a brincar, a ir à escola e a crescer ao lado das suas famílias 

Exigindo o fim da violência israelita e o cumprimento dos seus direitos!»

Quarta, 07 de Maio de 2025 - 17:21