Seis presos políticos palestinos evadem-se de prisão israelita de alta segurança
Na madrugada desta segunda-feira, seis presos políticos palestinos conseguiram evadir-se da penitenciária de Gilboa, uma prisão israelita de alta segurança.
Os seis Palestinos partilhavam a mesma cela e ter-se-ão evadido através de um túnel escavado por baixo da prisão. Arik Yaacov, comandante dos Serviços Prisionais de Israel, disse que os fugitivos pareciam ter acedido a passagens formadas pela construção da prisão.
O Shin Bet, serviço de segurança de Israel, disse que os prisioneiros coordenaram a fuga com colaboradores fora da prisão utilizando um telemóvel contrabandeado e que tinham um carro de fuga à sua espera.
A prisão de Gilboa foi construída em 2004, na região de Beit She’an, no Norte de Israel, e é considerada a de maior segurança no seu género. Dista menos de 20 km das fronteiras quer da Cisjordânia quer da Jordânia.
O primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, terá descrito a ocorrência como um «incidente grave que requer um esforço generalizado das forças de segurança» para encontrar os fugitivos.
Entretanto a Quds News Network noticia que as autoridades de ocupação israelitas transferiram todos os prisioneiros palestinos da prisão de Gilboa para um destino desconhecido após a fuga desta madrugada.
Segundo a ONG Addameer, estão nas prisões israelitas 4650 presos políticos palestinos, dos quais 200 são menores e 40 são mulheres. Há 520 presos em regime de detenção administrativa, isto é, sem acusação ou culpa formada.
Os presos políticos evadidos
Os seis presos políticos palestinos foram identificados como:
Mahmoud Abdallah Arda, 46 anos, de Arraba, em Jenin, preso desde 1996, condenado a prisão perpétua.
Mohammad Qassem Arda, 39 anos de idade, de Arraba, em Jenin, preso desde 2002, condenado a prisão perpétua.
Yacoub Mahmoud Qaderi, 49 anos, de Beir al-Basha, em Jenin, preso desde 2003, condenado a prisão perpétua.
Ayham Kamanji, 35 anos, de Kufr Dan, em Jenin, preso desde 2006, condenado a prisão perpétua.
Munadel Yacoub Infeiat, 26 anos de idade, de Yabad, em Jenin, preso desde 2019, não foi condenado.
Zakaria Zubeidi, 46 anos de idade, do Campo de Refugiados de Jenin, preso desde 2019, não foi condenado.
Os cinco primeiros pertenceram ao movimento de resistência Jihad Islâmica. Zakaria Zubeidi integrou as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa da Fatah.
Da resistência armada à resistência cultural
Zakaria Zubeidi é um dos protagonistas de «Os Filhos de Arna», o documentário que o actor israelita Juliano Mer-Khamis realizou em 2004 com os sobreviventes do grupo de jovens actores do teatro infantil que a sua mãe, a activista israelita Arna Mer-Kahmis, tinha criado no Campo de Refugiados de Jenin por altura da primeira Intifada. Zakaria tinha 12 anos quando integrou o elenco do teatro infantil.
Em 2001, em curta sucessão, as forças de ocupação assassinam-lhe um amigo, a mãe e um irmão. Zakaria envereda então pela resistência armada integrando as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, que viria a comandar.
Em 2007 renuncia à luta armada e beneficia de uma amnistia concedida pelo governo de Israel aos militantes das Brigadas Al-Aqsa.
Junta-se então a Juliano Mer-Khamis, que fundara, no Campo de Refugiados de Jenin, o Freedom Theatre, trocando a resistência armada pela resistência cultural.
Em 2011, Israel revoga a amnistia de Zakaria Zubeidi sem especificar as razões.
Zakaria completou em 2018 os seus estudos de pós-graduação na Universidade de Birzeit, no mestrado de estudos árabes contemporâneos, com a tese «The Hunter and the Dragon: The Chase in the Palestinian case 1968-2018».
Foi detido pelas forças israelitas em Ramala em 27 de Fevereiro de 2019 e acusado de estar filiado na Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa. Não foi condenado por nenhum crime.