Repudiamos apresamento do "Madleen" e reclamamos libertação imediata das pessoas sequestradas
Às primeiras horas desta madrugada, a embarcação Madleen, parte da Flotilha da Liberdade recebida em Portugal pelo povo e os trabalhadores em Julho de 2024, foi abordada em águas internacionais pelas forças armadas de Israel, num acto que não pode senão ser classificado como de pirataria.
As doze pessoas que viajavam a bordo desta embarcação – que transportava material de ajuda humanitária com destino ao território palestino da Faixa de Gaza – foram raptadas por Israel encontrando-se nesta altura em paradeiro incerto.
A acção das forças de Israel – violenta por definição – é destituída de qualquer fundamento legal. Israel não detém nenhuma autoridade legal sobre aquele território, nem nenhuma prerrogativa lhe assiste que legitime o apresamento de uma embarcação em águas internacionais. Desde 2007, aliás, Israel impôs sobre a Faixa de Gaza um bloqueio total, terrestre, aéreo e marítimo, ilegal.
Neste momento, Israel leva a cabo uma agressão militar que inúmeras organizações internacionais classificam como genocida e que justificou já a aplicação reiterada de medidas provisórias por parte do Tribunal Internacional de Justiça e que o governo de Israel ostensivamente se recusa a cumprir. Essa agressão, que já provocou cerca de 60 mil mortos, só em consequência dos bombardeamentos, para além da destruição de todas as infra-estruturas civis, entre elas hospitais, equipamentos de saúde e escolas, inclui a privação da ajuda humanitária.
Tal como afirmam responsáveis das Nações Unidas, Gaza é hoje o único lugar no mundo onde toda a população se encontra em risco de fome, consequência da acção deliberada das forças armadas de Israel e devidamente alardeada pelos ministros do seu governo, que não escondem os seus propósitos genocidas. Diariamente, dezenas de pessoas que, em desespero, buscam comida para alimentar as suas famílias são alvejadas pelo exército de Israel ou por mercenários a soldo num exercício de pura crueldade.
O apresamento do Madleen é só mais uma acção de um padrão violento de conduta por parte de Israel, em aberto confronto com o direito internacional e só possível pelo apoio que lhe é prestado por diversos países, entre eles os EUA e as principais potências europeias, e que lhe confere um estatuto de absoluta impunidade. Tal é possível igualmente porque diversos países, entre os quais Portugal mantêm uma atitude passiva e complacente com o que está a acontecer na Palestina, que, em face da gravidade dos acontecimentos, equivale a cumplicidade objectiva com a acção criminosa de Israel.
Expressamos o nosso mais firme repúdio pelo apresamento do Madleen e pelo rapto das pessoas que viajavam a bordo e exigimos a sua imediata libertação.
Reclamamos do governo português uma posição firme de condenação da acção ilegal e violenta e a disponibilização de todos os recursos políticos e diplomáticos ao alcance do Estado português no sentido de oferecer às pessoas que foram raptadas por Israel toda a protecção diplomática e humanitária.
As organizações que receberam em Julho de 2024 a embarcação Handala, da Flotilha da Liberdade, convidam todas as pessoas e organizações amantes da paz e solidárias com a Palestina a participar nas próximas acções de solidariedade com o povo palestino, reforçando a exigência do fim do genocídio e dos crimes de Israel:
- Vigília «Fim ao genocídio, Fim à ocupação, Fim ao apartheid Já!» no Porto – Praça General Humberto Delgado, às 21h, no dia 13 de Junho
- Acto Público «Fim ao genocídio, reconhecimento do Estado da Palestina já!» com colocação de Bandeiras da Palestina, em Setúbal - Avenida Luísa Todi, junto ao Coreto – às 10h
- Manifestação «Fim ao genocídio, reconhecimento do Estado da Palestina já!» em Lisboa, às 18h, no dia 17 de Junho, entre a Praça Luís de Camões e a Assembleia da República.
9 de Junho de 2025
Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – CGTP-IN
Conselho Português para a Paz e Cooperação – CPPC
Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – MPPM
Projecto Ruído – Associação Juvenil