Quatro palestinos mortos e centenas de feridos em Gaza em sexta-feira de manifestações

Manifestações de massas tiveram lugar hoje, 20 de Abril, ao longo da vedação fronteiriça entre a Faixa de Gaza e Israel, pela quarta sexta-feira consecutiva, como parte da «Grande Marcha do Retorno», que teve início em 30 de Março e deve continuar até 15 de Maio.
Segundo informações do Ministério da Saúde em Gaza, às 19h locais as vítimas da repressão das forças israelitas totalizavam quatro mortos palestinos, incluindo um menor, e 729 feridos, incluindo 45 menores. Entre as 305 pessoas hospitalizadas (42 % dos feridos), 156 tinham sido atingidas por balas reais, indicou ainda o Ministério da Saúde. Os prestadores de cuidados de saúde debatem-se com a escassez de recursos para enfrentar o afluxo maciço de vítimas.
Os mortos foram identificados como Ahmad Nabil Abu Aqel, de 25 anos, Mohammed Ayoub, de 15, Ahmad Rashad Al-Atamana, de 24, e Said Abd Al-Aal Abu Taha, de 19. Os paramédicos que evacuaram o menor hoje morto indicaram que ele foi atingido na cabeça com munições reais, a cerca de 50 metros da vedação, sem nada que demonstrasse que representava qualquer ameaça para as forças israelitas.
O número total de participantes nas manifestações de hoje terá oscilado entre 5000 a 10 000, segundo diferentes estimativas. As concentrações ocorreram nos mesmos cinco acampamentos das sextas-feiras anteriores. Após as orações do meio-dia, centenas de manifestantes caminharam em direcção à vedação, queimando pneus e atirando na direcção das forças israelitas pedras e também bombas incendiárias, segundo fontes israelitas.
As forças israelitas reprimiram as manifestações de hoje com balas reais, incluindo disparadas por atiradores de elite, balas de borracha e bombas de gás lacrimogéneo, também lançadas por drones.
No total, desde o início da Grande Marcha do Retorno, em 30 de Março, as forças israelitas mataram 37 palestinos, 32 dos quais durante as manifestações, incluindo quatro menores. Outros dois palestinos foram mortos a tiro em Israel, depois de atravessarem a vedação, e os seus corpos estão retidos pelas autoridades israelitas. O número de feridos excede os 4900, segundo o Ministério da Saúde. Não se registou nenhuma vítima israelita.
O Coordenador Especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, habitualmente muito comedido nas suas críticas a Israel, expressou a sua indignação em termos fortes no Twitter: «É escandaloso disparar sobre crianças! Como é que a morte de uma criança em Gaza hoje ajuda a paz? Não ajuda! Alimenta a raiva e gera mais mortes. As crianças devem ser protegidas contra a violência, não expostas a ela, não mortas! Este trágico incidente deve ser investigado.»
Tratou-se da quarta sexta-feira dos protestos maciços não violentos na Faixa de Gaza, durante os quais milhares de refugiados palestinos se dirigiram à fronteira fortemente militarizada com Israel para exigir seu direito colectivo de retorno à sua terra natal. O protesto, com a duração de seis semanas, deve terminar no dia 15 de Maio, o 70º aniversário da Nakba («catástrofe») palestina, limpeza étnica levada a cabo por ocasião da criação do Estado de Israel, expulsando cerca de 750 000 palestinos. Existem hoje milhões de refugiados palestinos. Setenta por cento dos habitantes de Gaza são refugiados ou seus descendentes.

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