Quatro crianças mortas na praia em Gaza em 2014 foram vítimas de drone israelita

O ataque que em 2014 matou quatro crianças palestinas que brincavam na praia em Gaza foi cometido por um drone israelita armado, revelou o site noticioso The Intercept, com base num relatório da polícia militar israelita. 
O relatório, que era confidencial e esteve oculto do público até agora, confirma que os quatro rapazinhos foram visados por um drone armado que os confundiu com combatentes do Hamas. 
Os quatro rapazinhos palestinos — os primos Ismayil Bahar, de 9 anos, Aed Bahar, de 10, Zacharia Baha, de 10, e Muhammed Bahar, de 11 — foram mortos em 16 de Julho de 2014. 
O relatório revelado pelo The Intercept inclui depoimentos de operadores de drones, comandantes e agentes de informações israelitas que participaram no ataque. Segundo o relatório, uma figura foi vista a entrar num contentor que tinha sido alvo de um ataque israelita no dia anterior. Os militares israelitas atacaram então o contentor com um drone armado, que matou a primeira criança. Foi depois lançado um segundo ataque, que matou as outras três crianças, que fugiam pela praia. 
Nessa altura a operação foi considerada «um êxito» pelas forças armadas de Israel. No entanto, como o ataque ocorreu em plena luz do dia e foi testemunhado por um grupo de jornalistas que se encontaram num hotel próximo, não houve dúvidas de que se tratava de crianças brincando na praia e não de combatentes do Hamas numa zona militar fechada, como tentaram alegar os militares israelitas.
Depois do primeiro míssil, os operadores de drones terão solicitado instruções de um oficial superior sobre até que ponto da praia estavam autorizados a disparar, mas não esperaram pela resposta e cerca de 30 segundos após o primeiro ataque lançaram um segundo míssil, que matou as três crianças em fuga. 
Uma investigação interna isentou as forças militares israelitas de qualquer responsabilidade.
Israel mantém sigilo sobre o uso de drones para realizar ataques aéreos, mas em qualquer caso a sua fiabilidade é directamente posta em causa, já que confundiram combatentes armados com crianças brincando na praia.
Uma das razões da relutância de Israel em reconhecer que drones seus mataram crianças palestinas pode ser também o facto de estar pendente de execução um contrato, no valor de 600 milhões de dólares, de aluguer de drones da empresa israelita Heron ao Ministério da Defesa da Alemanha.
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