Primeiro-Ministro da Autoridade Palestina em Gaza para conversações com Hamas sobre reconciliação nacional
Rami Hamdallah, primeiro-ministro da Autoridade Palestina (AP), chegou hoje, 2 de Outubro, à Faixa de Gaza para realizar reuniões oficiais sobre a reconciliação nacional entre a Fatah e o Hamas, ao fim de dez anos de divisão.
A Autoridade Palestina é liderada pela Fatah, ao passo que a Faixa de Gaza é de facto dirigida pelo Hamas.
Hamdallah deve presidir amanhã em Gaza à reunião semanal do governo da AP, após a qual este assumirá as suas funções oficiais como governo responsável pelo pequeno território costeiro. Depois da visita, delegações dos dois lados deverão dirigir-se ir ao Cairo para prosseguir as discussões de reconciliação.
O Hamas concordou recentemente em permitir que o governo de reconciliação nacional opere na Faixa de Gaza e dissolveu a sua comissão administrativa, formada no início deste ano. Pode estar à vista um fim da divisão existente desde um conflito sangrento entre as duas facções que eclodiu após o Hamas ter ganho as eleições legislativas de 2006. O Hamas afirmou que a decisão surge em resposta a recentes esforços diplomáticos do Egipto para reconciliar as facções rivais.
Hamdallah descreveu a visita como um «momento histórico» para a unidade do povo palestino e anunciou que foram criadas várias comissões para tratar dos principais problemas da transferência de poder.
O futuro da ala militar do Hamas, as Brigadas Izz al-Din al-Qassam, deverá ser um ponto de discórdia. Foi noticiado que Mahmoud Abbas, presidente da AP, rejeita uma «solução de tipo Hezbollah» (este partido libanês está integrado na vida política nacional, mas mantém as suas próprias forças armadas) e quer que o Hamas desmantele a sua ala militar. Mas o vice-chefe do Bureau Político do Hamas, Moussa Abu Marzouk, afirmou que as brigadas não estão sujeitas a discussão com a PA.
Entretanto, numa reunião realizada em Ramala, as cinco forças democráticas palestinas (FDLP, FPLP, Partido do Povo, Partido Fida e Movimento Nacional Iniciativa Palestina) saudaram os esforços egípcios e os desenvolvimentos recentes que abriram a porta à reconciliação, incluindo a dissolução da comissão administrativa na Faixa de Gaza, e apelaram a uma reunião de todas as forças nacionais e islâmicas para acelerar a aplicação do acordo de reconciliação nacional assinado no Cairo em Maio de 2011. As cinco forças também apelaram ao fim da divisão para assegurar ao povo palestino o direito democrático à realização das eleições presidenciais e legislativas e, logo que possível, para o Conselho Nacional Palestino, adoptando o princípio da representação proporcional.
Segunda, 2 Outubro, 2017 - 00:00