Primeiro dia de aulas: Israel roubou a escola
O início do ano lectivo na aldeia de Jubbet Adh-Dhib, na Margem Ocidental ocupada, que deveria ter ocorrido ontem, 22 de Agosto, teve de ser adiado para o próximo domingo, devido ao confisco pela Administração Civil israelita das casas móveis que iriam servir de salas de aula a 64 alunos, do primeiro ao quarto ano de escolaridade.
A Administração Civil (órgão das forças armadas de Israel para a administração dos territórios palestinos ocupados) justificou-se dizendo que as casas móveis, doadas por uma organização humanitária europeia, tinham sido instaladas sem as necessárias autorizações e eram, portanto, «ilegais».
O Conselho Norueguês de Refugiados divulgou uma declaração condenando Israel pelo confisco, como parte de «um ataque mais amplo contra a educação na Palestina». Segundo esta organização, cerca de 55 escolas da Margem Ocidental ocupada estão ameaçadas de demolição e ordens de embargo de obras pelas autoridades israelitas. Muitas destas escolas foram construídas com financiamento de Estados da União Europeia e outros doadores.
Também a organização israelita de direitos humanos B'Tselem publicou uma declaração, dizendo que esta medida «simboliza a crueldade administrativa e o assédio sistemático pelas autoridades, visando expulsar os palestinos das suas terras».
No início de Julho a Administração Civil já tinha confiscado da mesma aldeia 96 painéis solares. Alguns desses painéis tinham sido financiados pelo governo neerlandês.
Jubbet Adh-Dhib foi fundada em 1929, mas Israel não permitiu que a aldeia se ligasse aos sistemas de água e electricidade nem autorizou a construção de novas casas para responder ao crescimento da sua população.
Os palestinos que vivem na Área C — que se encontra sob completo controlo militar israelita e constitui mais de 60% da Margem Ocidental — têm de pedir autorizações de construção para qualquer tipo de desenvolvimento nas suas terras. Mas o processo pode ser demorado e caro e muitas vezes os pedidos são negados, de modo a limitar a construção palestina.
Mas o «rigor da lei» não se aplica aos colonatos israelitas nos territórios palestinos ocupados, todos eles ilegais à luz do direito internacional. A aldeia de Jubbet al-Dhib, onde moram 150 palestinos, está próxima de vários colonatos e de postos avançados judaicos, que, apesar de serem ilegais mesmo face ao direito israelita, estão ligados à rede eléctrica e a outras infra-estruturas.
Quarta, 23 Agosto, 2017 - 00:00