Presidente palestino Mahmoud Abbas declara fim de todos os acordos com Israel
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, declarou nesta quinta-feira a cessação de todos os acordos assinados com Israel, incluindo a coordenação de segurança. Abbas anunciou também a formação de uma comissão para aplicar esta decisão.
«Depois de todas as violações contra o nosso povo, anunciamos a cessação de todos os acordos assinados com Israel», escreveu Abbas no Twitter, acrescentando três horas depois: «Para confirmação: declaramos a cessação de todos os acordos assinados com Israel, incluindo a coordenação de segurança.»
Anúncios do mesmo teor já foram feitos anteriormente pela OLP e a Autoridade Palestina, mas não tiveram até agora tradução prática. Em Maio de 2018, o Conselho Nacional Palestino (instância suprema da OLP) decidiu suspender o reconhecimento do Estado ocupante, declarando que o período de transição estipulado nos acordos assinados em Oslo e Washington, com suas obrigações, já não existia. Além disso, o Conselho Central Palestino, nas suas duas últimas sessões, decidiu interromper todas as formas de coordenação de segurança e libertar-se da relação de dependência económica estabelecida pelo Protocolo de Paris.
Abbas declarou, na reunião de emergência da direcção palestina na quinta-feira, que a demolição por Israel na passada segunda-feira de dez prédios em Sur Baher «só pode ser classificada como um acto de limpeza étnica e um crime contra a humanidade». Esta localidade palestina, nas imediações de Jerusalém Oriental, está situada nas áreas A e B da Cisjordânia ocupada, teoricamente sob controlo da Autoridade Palestina.
Na quinta-feira, os Estados Unidos vetaram no Conselho de Segurança da ONU uma proposta, que recebeu 14 votos a favor, para condenar as demolições em Sur Baher.
Abbas afirmou também que Israel não está a cumprir os acordos assinados com a parte palestina, particularmente por reter receitas fiscais lhe são devidas.
Ao abrigo do Protocolo de Paris de 1994, Israel cobra impostos em nome da AP, devendo entregá-los mensalmente. Israel está actualmente a reter 500 milhões de shekels (cerca de 122 milhões de euros) de verbas pertencentes aos palestinos, a pretexto dos subsídios que a AP paga aos presos nas cadeias israelitas e às famílias dos mortos vítimas de Israel.
Ocorrência rara, tanto o Hamas como a Jihad Islâmica Palestina divulgaram comunicados elogiando as declarações de Abbas. O Hamas classificou o anúncio da renúncia aos acordos assinados com Israel como «um passo na direção certa», pedindo medidas práticas e urgentes que traduzam a decisão de Abbas em acções.
Foto: Thaer Ghanaim/WAFA