Presidente do Barcelona nega realização de jogo amigável com o ultra Beitar Jerusalém

O presidente do FC Barcelona, Joan Laport, nega que o clube tenha acordado a realização de um jogo amigável de pré-época contra a equipa israelita Beitar de Jerusalém, numa carta enviada ao presidente da Associação de Futebol da Palestina, Jibril Rajoub.

O jogo estaria agendado para 4 de Agosto, em Jerusalém, num estádio construído sobre as ruínas da aldeia palestina de al-Malha, cujos residentes foram expulsos à força e deslocados para campos de refugiados.

«Recebemos a carta que enviou em nome da Associação de Futebol da Palestina, na qual transmitiu as suas preocupações sobre a presumível participação do FC Barcelona num jogo amigável em Jerusalém», diz a carta.

Laport esclarece que o FC Barcelona não anunciou a agenda da equipa para a nova época através dos seus canais oficiais, afirmando que os clubes não contactaram nem afirmaram a realização de qualquer jogo amigável em Jerusalém.

Sublinhou que o FC Barcelona, como instituição desportiva democrática comprometida com direitos e princípios básicos, sempre expressou através de acções – como a história do clube confirma – a sua clara defesa dos direitos e liberdades de todos os povos da terra.

«Embora não tenhamos o direito de dizer a nenhum clube como organizar os seus jogos amigáveis, temos o direito de objectar à escolha de Jerusalém como local para o jogo proposto», dizia Rajoub na carta enviada ao presidente do Barcelona, que também foi dirigida aos órgãos dirigentes do futebol europeu e asiáticos, UEFA e AFC.

«Segundo o direito internacional, Jerusalém é uma cidade dividida e a sua parte oriental é considerada território palestino ocupado, o que confere à Associação de Futebol da Palestina jurisdição sobre quaisquer actividades futebolísticas que tenham lugar nesta parte», continuou.

Entretanto, na semana passada, mais de 200 clubes desportivos palestinos tinham apelado por carta ao FC Barcelona, Atlético de Madrid e Inter de Milão para cancelarem os seus próximos jogos amigáveis no Israel do apartheid.

Os clubes palestinos faziam notar que o Beitar Jerusalem é um clube «profundamente racista» cujos fãs, conhecidos como La Familia, cantam regularmente «morte aos árabes». Os adeptos de Beitar «apelaram a um jogador cristão da Nigéria para mudar o seu nome porque soava "demasiado muçulmano"» e «incendiaram as instalações do clube depois de este ter contratado dois jogadores muçulmanos da Chechénia», escrevem na carta.

A carta dizia também que, em meados de Maio, enquanto extremistas israelitas organizavam linchamentos contra palestinos, La Familia incitava, nas redes sociais, a «invadir casas [de palestinos] e esfaqueá-los! Comecem a bater às portas uma a uma».

Numa carta separada, os clubes palestinos apelaram ao Atlético de Madrid e ao Inter de Milão para cancelarem o jogo amigável anunciado para 8 de Agosto.

Os clubes diziam que o jogo estava «a ser organizado pelo bilionário israelita canadiano Sylvan Adams, um auto-proclamado embaixador de Israel que diz estar “a dedicar este capítulo da [sua] vida à promoção de Israel”. Adams juntou-se, como o fez em muitos eventos de branqueamento desportivo anteriores, ao Grupo Comtec israelita, cujos clientes incluem o governo israelita e empresas dos colonatos israelitas ilegais.»

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