Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, nomeia novo primeiro-ministro

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, neste domingo nomeou oficialmente para primeiro-ministro Mohammad Shtayeh, membro do Comité Central da Fatah.

Shtayeh nasceu na aldeia de Tel, perto de Nablus, em 1958, licenciou-se na Universidade de Birzeit e doutorou-se em economia pela Universidade de Sussex, no Reino Unido. Foi também director do Conselho Económico Palestino para o Desenvolvimento e a Reconstrução (PECDAR) e ministro da Habitação e Construção. Foi eleito para o Comité Central da Fatah em 2009 e novamente em 2016. Participou nas negociações de paz intermediadas pelos EUA com Israel em 1991 e novamente em 2013-2014.

Na carta de nomeação de Mohammad Shtayeh, o presidente Mahmoud Abbas afirma que a missão do novo governo será acelerar a reunificação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e trabalhar para a realização de eleições legislativas na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e na Faixa de Gaza para fortalecer a democracia. Deverá também continuar a apoiar financeiramente as famílias dos mortos pelo exército sionista e dos presos palestinos nas cadeias de Israel, fortalecer a firmeza do povo palestino para enfrentar a política de colonização israelita, defender Jerusalém e os seus lugares sagrados muçulmanos e cristãos face às tentativas israelitass de alterar o seu estatuto, e ainda construir uma economia nacional forte.

A demisssão do governo anterior surge na sequência da recomendação do Comité Central da Fatah — o partido hegemónico na Autoridade Palestina e na Organização de Libertação da Palestina — de formar um novo governo composto por membros dos movimentos pertencentes à OLP e independentes (o Hamas não pertence à OLP).

Enquanto o do anterior primeiro-ministro, Rami Hamdallah, era um governo de reconciliação nacional com base num entendimento entre todos os movimentos palestinos, alguns analistas estimam que o novo governo será dominado pela Fatah e visa isolar ainda mais o Hamas, o outro grande movimento palestino. O Hamas administra a Faixa de Gaza desde que tomou o controlo desse território palestino após sangrentos confrontos com a Fatah em 2007, um ano depois de vencer as eleições parlamentares.

Fatah e Hamas assinaram em Outubro de 2017 um acordo de reconciliação, sob mediação egípcia. Porém, as negociações depararam-se com numerosos obstáculos, e a divisão não só persiste como se agravou, com sucessivas medidas para pressionar o Hamas, cortando o fornecimento de electricidade a Gaza e parando os pagamentos aos funcionários públicos de Gaza empregados pela Autoridade Palestina, que foram convidados a não trabalhar para o Hamas em troca de continuar a receber os seus salários.

O Hamas reagiu à nomeação de Shtayeh afirmando que o novo governo «elude os acordos de reconciliação previamente assinados, se prepara para separar a Faixa de Gaza da Cisjordânia e amplia a divisão dos palestinos». O Hamas sublinha que não reconhece esse governo, «formado sem consenso nacional» e que a «melhor maneira de reorganizar a actual situação palestina é formar um governo de unidade e realizar as eleições gerais palestinas: eleições presidenciais, legislativas e para o conselho nacional [da OLP]».

Por seu lado, a Frente Democrática para a Libertação da Palestina declara que a formação do novo governo «vai aprofundar a divisão e exacerbar o impasse político», num momento em que a causa nacional palestina se encontra numa fase complexa, exigindo «a busca de soluções nacionais».

Em finais de Janeiro, aquando do anúncio da demisssão do governo de Hamdallah, a Frente Popular para a Libertação da Palestina, a segunda maior força da OLP, rejeitou participar no novo governo a formar.

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