Pelo termo da violência e do desastre humanitário no Médio Oriente
Apelo
O crescendo da vasta ofensiva bélica de Israel e bombardeamentos de terror há mais de um mês na Faixa de Gaza (Palestina) e desde 12 de Julho no Líbano, os consequentes horrores da guerra e tragédia humanitária, alarmam todos quantos, mulheres e homens de boa vontade, independentemente de questões políticas, se preocupam com o destino do martirizado Povo palestiniano e com a Paz no Médio Oriente.
Em Gaza contavam-se já dezenas de vítimas civis de operações das Forças Armadas de Israel, nas semanas anteriores ao episódio da captura de um seu militar neste território. Desde então, assiste-se da parte de Israel, pretextando o “direito a defender-se”, a uma escalada de violência militar não só “desproporcionada” mas sistemática. Esta acção, em violação aberta e caracterizada do Direito Internacional, foi agora agravada com a agressão contra o Líbano invocando a captura no Sul de dois outros militares israelitas. Os resultados estão a ser a destruição total deliberada das infra-estruturas civis fundamentais e das condições de vida, crises alimentar e sanitária muito sérias, centenas de mortos e feridos inocentes incluindo mulheres e crianças, centenas de milhar de refugiados, o colapso de Gaza, a devastação do Líbano e a punição colectiva dos povos Palestiniano e Libanês. Também no que respeita a Israel se registam nos últimos dias vítimas civis de mísseis lançados a partir do Sul do Líbano.
Os objectivos da mais ambiciosa e destruidora ofensiva militar israelita da última vintena de anos, só possível em estreito conluio com os EUA (que vetaram no Conselho de Segurança uma resolução moderada reclamando a retirada de Israel de Gaza), ultrapassam em muito a restituição de três militares presos. Visam, em Gaza e no Líbano, derrubar organizações políticas e dirigentes democraticamente eleitos, instalar uma correlação de forças neo-colonial na região, desestabilizar a Síria e o Irão. As chamas da guerra, que se estenderam da Faixa de Gaza ao Líbano, ameaçam alastrar-se aos Estados vizinhos e confluir com as guerras em curso no Iraque e no Afeganistão, culminando num conflito generalizado a todo o Médio Oriente – que abalaria ainda mais o equilíbrio e a Paz mundial.
Perante a tragédia sem fim do Povo palestiniano, ameaçado na sua própria sobrevivência como Povo, e a destruição mais uma vez do Líbano país soberano, os signatários, promotores do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) - embora com apreciações diferenciadas das responsabilidades dos vários intervenientes na presente crise na região - interpretando os princípios do MPPM contrários a todas as formas de terrorismo, seja ele de Estado ou qualquer outro:
- manifestam-se pela cessação imediata das agressões, bombardeamentos de terror, incursões, destruições e bloqueio da Faixa de Gaza e do Líbano por parte de Israel, e pela retirada das suas tropas, de par com a cessação do lançamento de mísseis sobre o território de Israel e a libertação dos três militares israelitas capturados, bem como a libertação dos deputados e ministros palestinianos agora detidos e ainda de outros presos árabes, de entre os 9.000 nos cárceres de Israel, em particular mulheres e crianças;
- reiteram o objectivo central do MPPM, o apoio no plano da opinião pública e em conformidade com as resoluções e princípios das Nações Unidas à realização dos direitos inalienáveis do Povo palestino, ao estabelecimento do seu Estado independente e soberano mediante a retirada de Israel dos territórios ocupados, nomeadamente no âmbito das fronteiras de 1967, como o Presidente e o Primeiro Ministro palestinianos tinham acabado de reafirmar em importante documento comum, quando Israel lançou a presente ofensiva;
- apelam aos órgãos de soberania de Portugal, para que no âmbito da competência respectiva e no espírito do artigo 7.° da Constituição da República, se façam ouvir enquanto é tempo no plano bilateral e multilateral, nomeadamente ao nível da União Europeia, pela Paz no Médio Oriente e em defesa do Povo palestiniano e do Povo libanês, vítimas da agressão e ocupação estrangeiras;
- exortam a opinião pública nacional, as mais diversas associações cívicas e todas as forças democráticas, para que se mobilizem e juntem a sua voz ao clamor crescente dos Povos do mundo, na construção - perante o fracasso da “comunidade internacional” e de um Conselho de Segurança manietado pelo veto dos EUA – de uma autêntica comunidade internacional que assegure os direitos e a independência do Povo palestiniano, a soberania do Líbano e uma Paz justa e duradoura no Médio Oriente.
Lisboa, 21 de Julho de 2006
Adalberto Alves, escritor
Adel Sidarus, investigador
Ana Luísa Amaral, poeta
Ana Paula Damas Fitas, docente universitária e investigadora
Ana Pereirinha, editora
Anabela Araújo, economista
André Levy, biólogo
André Machado Jorge, advogado
António Iria Revez, médico ginecologista
António Manuel Hespanha, professor universitário
António Sousa Ribeiro, professor universitário
Armando Silva Carvalho, escritor
Augusto Lourido, professor
Bento Anastácio, livreiro
Boaventura Sousa Santos, professor universitário
Camila Frazão Nazaré, licenciada em Segurança Social
Cândido Matos Gago, ex-presidente da Câmara Municipal de Grândola
Carlos Almeida, investigador
Carlos Araújo Sequeira, advogado
Carlos Candal, advogado
Carlos Carvalho, dirigente sindical
Carlos Silva, consultor comercial
Carlos Sottomayor, médico pneumologista
Casimiro Menezes, médico
Catarina Gavinhos, professora
Cibele Faria Queiroz, bióloga
Clara Grácio, professora universitária
D. Januário Torgal, bispo católico
Eduardo Lourenço, escritor
Eduardo Prado Coelho, escritor
Elsa Rodrigues dos Santos, professora universitária
Emílio Rui Vilar, gestor
Fernando Loureiro, médico
Francisco Fanhais, músico
Frederico Gama Carvalho, investigador
Frei Bento Domingues, frade dominicano
Gabriela Viana Martins, engenheira zootécnica
Gastão Cruz, poeta
Gualter Basílio, gestor e ex-deputado
Helena Roseta, arquitecta
Hélio Alves, professor universitário
Ilda Figueiredo, economista e deputada europeia
Isabel Allegro de Magalhães, professora universitária
Isabel de Sena, professora universitária
Isabel Hub Faria, professor universitária
João Evangelista da Cruz Ferro, jornalista
João Manuel Santos Calhau, engenheiro civil
João Vasconcelos Costa, professor universitário
Joaquim Branquinho Pequeno, médico ortopedista
Jorge Cadima, professor universitário
Jorge Melício, arquitecto
José Cardoso Fontão, militar reformado
José Casanova, escritor e director de jornal
José Manuel Pureza, professor universitário
José Mattoso, professor universitário
José Miguel Martinez-Torrejón, professor universitário
José Neves, funcionário público aposentado
José Ruivo S. Maia, médico psiquiatra
José Saramago, escritor e Prémio Nobel da Literatura
Júlio Magalhães, ex-presidente do Instituto Português de Cultura Árabe e Islâmica
Kalidás Barreto, ex-dirigente sindical
Luís Almeida, técnico de turismo aposentado
Luís Francisco Rebelo, escritor
Luís Miguel Cintra, encenador e actor
Luísa Tovar, engenheira
Manuel Gusmão, poeta
Manuel Machado Sá Marques, médico
Manuela Magno, professora
Manuela Silva, presidente Comissão Nacional Justiça e Paz
Manuela Vilhena, professora universitária
Margarida Fernandes, presidente da Junta de Freguesia da Malagueira
Margarida Hasse Ferreira, bióloga
Maria do Loreto Couceiro, professora universitária
Maria Helena Cunha Rato, economista e investigadora
Maria Helena Mateus, professora universitária
Maria Helena Taborda Duarte, jurista
Maria Irene Ramalho, professora universitária
Maria João Seixas, programadora cultural
Maria Rafaela Medeiros Iria Revez, gestora
Maria Velho da Costa, escritora
Mário Moutinho de Pádua, médico patologista clínico
Mário Ruivo, professor universitário
Matilde Gago da Silva, licenciada em ciências sociais
Miguel Portas, economista e deputado europeu
Nádia Torres, professora
Nuno Teotónio Pereira, arquitecto
Pedro Pezarat Correia, general do Exército na reforma
Rogério Gomes Carpentier, membro fundador do Centro de Estudos Luso-Árabes
Ruben de Carvalho, jornalista e vereador da C. M. Lisboa
Rui Mendes, poeta
Rui Namorado Rosa, professor universitário
Rui Vieira Nery, musicólogo
Salvina Gonçalves de Sousa, advogada
Silas Cerqueira, investigador
Teresa Mónica Silva, tradutora
Teresa Salema, professora universitária
Vasco Pinto Leite, engenheiro
Vítor Pinto, engenheiro
Sexta, 21 Julho, 2006 - 00:00