Palestinos protestam contra plano israelita para expulsar comunidade beduína de Khan al-Ahmar

Activistas e figuras nacionais palestinas participaram ontem num protesto contra a intenção de Israel de expulsar a comunidade beduína de Khan al-Ahmar e demolir as suas estruturas. Os participantes expressaram a sua solidariedade com os moradores de Khan al-Ahmar e a sua condenação do plano de Israel de os expulsar.
O local para onde os habitantes de Khan al-Ahmar serão empurrados situa-se entre um depósito de sucata e a maior lixeira da Cisjordânia.
Khan al-Ahmar é uma das comunidades palestinas que Israel procura expulsar do chamado Corredor E1, que permitiria estabelecer uma continuidade territorial entre Jerusalém e Maale Adumim, o maior dos colonatos israelitas ilegais na Cisjordânia ocupada, com 40 000 habitantes. O Supremo Tribunal de Israel aprovou em Maio passado o plano de demolição de Khan al-Ahmar, e os buldozeres podem chegar a qualquer momento.
No quadro dos esforços israelitas para anexar os colonatos adjacentes a Jerusalém, o projecto de lei da Grande Jerusalém pretende anexar Ma'ale Adumim, Givat Zeev, Beitar Illit e o bloco Etzion, com o objectivo de «judaizar» Jerusalém através do seu rezoneamento demográfico e expansão territorial.
A anexação de Maale Adumim e do Corredor E1, que ligaria o colonato a Jerusalém, cortaria de facto o Norte e o Sul da Cisjordânia, impedindo a contiguidade territorial de um futuro Estado palestino, pondo assim em causa a solução dos dois Estados conforme com as resoluções da ONU e consensual na comunidade internacional até às recentes inflexões de política da administração Trump.
Khan al-Ahmar é uma aldeia beduína palestina de cerca de 40 famílias pertencentes à tribo Jahalin, originárias do deserto de Negev (no Sul de Israel), de onde foram expulsas pelos militares israelitas na década de 1950. Após a expulsão, os membros da comunidade arrendaram terras para habitação e pastoreio na zona onde hoje se localiza o colonato israelita de Kfar Adumim. Estabeleceram-se na sua localização actual depois de também serem expulsos daí. Hoje a comunidade está espremida entre os colonatos de Maale Adumim e Kfar Adumim.
A comunidade de 173 pessoas, incluindo 92 crianças e adolescentes, tem uma mesquita e uma escola, construída em 2009, que serve mais de 150 crianças entre os seis e quinze anos, cerca de metade das quais vêm de comunidades próximas. A escola e outros projectos na comunidade foram financiados pela Itália, Bélgica e União Europeia.
Só entre 2006 e Maio de 2018, as autoridades israelitas demoliram 26 casas, deixando sem abrigo 132 pessoas desabrigadas, 77 delas crianças e adolescentes, e ainda sete estruturas não residenciais.

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