Palestinos enfrentam novas e iminentes ameaças de despejo em Jerusalém Oriental ocupada

Os palestinos enfrentam «novas e iminentes ameaças de despejo» na Cidade Velha de Jerusalém Oriental ocupada, alertou neste domingo a ONG israelita Ir Amim.

A Cidade Velha faz parte de Jerusalém Oriental, que Israel ocupou durante a guerra de 1967 e cuja anexação declarou em 1980, proclamando toda a cidade sua capital «eterna e indivisa». Isso nunca foi reconhecido pela comunidade internacional, que considera Jerusalém Oriental uma parte do território palestino ocupado.

A Ir Amin destacou «três casos simultâneos» que comprovam «uma rápida escalada de novos factos no terreno — promovidos por colonos [judeus] com o apoio legal e político do estado [de Israel] — para fortalecer ainda mais o controlo israelita dentro e em redor da Cidade Velha».

Um exemplo citado pela Ir Amim é o despejo iminente da família Abu Asab, composta por sete pessoas, que em 12 de Fevereiro deverá ser desalojada da sua casa da Rua Al Qarami, no Bairro Muçulmano da Cidade Velha, após um processo judicial iniciado por colonos israelitas.

A apenas 100 metros de distância, prossegue a Ir Amim, «a família Ghaith-Sub Laban está sob renovada ameaça de despejo».

A Ir Amim observa que há ao todo 8 famílias em risco de despejo em duas ruas do Bairro Muçulmano: 6 famílias na Rua Khalidiya e mais 2 famílias na Rua Al Qarami.

Entretanto, o dia 3 de Fevereiro era a data marcada para o despejo da família Sabbagh no bairro de Sheikh Jarrah.

«Se for despejada», observa a Ir Amim , «a casa da família Sabbagh será a décima a ser tomada por colonos na zona de Kerem Alja'oni de Silwan, onde cerca de 30 famílias palestinas estão actualmente sob ameaça de despejo».

Hoje em dia, 86% de Jerusalém Oriental está sob controlo directo das autoridades sionistas ou dos cerca de 200 000 israelitas vivem em colonatos situados na parte oriental da cidade, dos quais cerca de 2000 vivem no meio de bairros palestinos sob protecção do exército sionista.

Além disso, o muro do apartheid, que Israel começou a construir em 2002, desliga do resto da cidade mais de 140 000 moradores palestinos de bairros de Jerusalém, que sofrem uma grave carência de infraestruturas e serviços básicos.

Também a educação é visada. Israel procura impor o currículo israelita aos alunos palestinos de Jerusalém. E recentemente o presidente da câmara israelita de Jerusalém ameaçou fechar as escolas geridas pela UNRWA, a agência da ONU de assistência aos refugiados palestinos (há cerca de 100 000 refugiados em Jerusalém).

A pressão sobre os alunos e suas famílias visa forçá-los a procurar opções educativas diferentes noutros lugares, correndo o risco de perder o estatuto de residentes de Jerusalém e serem por isso impedidos de regressar à sua cidade natal.

Todas estas medidas inserem-se no plano que Israel aplica desde há muito para alterar a composição demográfica de Jerusalém Oriental ocupada, judaizando-a e expulsando a população palestina autóctone.

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