Palestino em greve de fome contra detenção administrativa em estado muito grave

Maher al-Akhras, um detido palestino que está em greve de fome há quase 70 dias em protesto contra a sua detenção administrativa, está «num estado de saúde grave e muito preocupante», de acordo com Fawaz Shaludi, o advogado da Comissão para os Assuntos dos Prisioneiros que o visitou no Centro Médico Kaplan, no centro de Israel, para onde al-Akhras foi transferido.

Al-Akhras garantiu ao advogado que ia «prosseguir esta batalha até ao capítulo final, que é terminar a sua detenção administrativa e ser libertado, ou então morrer.»

Maher Al-Akhras, de 49 anos de idade, é pai de seis filhos e reside na cidade de Silat Ad-Daher, a sul de Jenin. Foi preso em 27 de Julho de 2020, e foi sentenciado a quatro meses de detenção administrativa sem acusação nem julgamento. É a sua quinta detenção administrativa. Foi detido pela primeira vez em 1989, durante sete meses. Na segunda vez, em 2004, esteve detido dois anos. Foi novamente detido em 2009, e esteve 16 meses em detenção administrativa, e outra vez em 2018, quando passou 11 meses em detenção.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros e Expatriados da Autoridade Palestiniana manifestou hoje a sua profunda preocupação com a saúde de Maher Al-Akhras, informou a agência noticiosa Wafa.

O ministério condenou a prática ilegal israelita de detenção administrativa, que a potência ocupante emprega como instrumento de punição colectiva contra o povo palestino, incluindo crianças, activistas, defensores dos direitos humanos e jornalistas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros e Expatriados da Autoridade Palestiniana salientou que o sistema jurídico israelita, incluindo os tribunais de ocupação militar, é cúmplice na aplicação de tal regime discriminatório contra prisioneiros protegidos.

«Faz parte do sistema de ocupação e subjugação, e deve ser exposto e condenado pelos Estados, governos, parlamentos de todo o mundo, bem como pelo sistema da ONU como um todo», sublinhou.

«Israel é o principal responsável e tem que responder pela vida dos prisioneiros palestinos, incluindo a vida de Maher Al-Akhras. Face ao óbvio desprezo israelita pela vida palestina, o Ministério apela urgentemente à comunidade internacional, incluindo governos, organizações internacionais e instituições internacionais relevantes, a que assumam a sua responsabilidade e exerçam todo o tipo de pressão sobre Israel, a potência ocupante, para pôr fim a estas políticas e práticas ilegais e desumanas contra os detidos palestinos».

No início desta semana, a Sociedade dos Prisioneiros Palestinos apelou a todas as autoridades competentes e instituições internacionais de direitos humanos para que interviessem e pusessem fim ao sofrimento dos prisioneiros incapazes de se fazerem ouvir, salientando que enquanto se multiplicam as exigências de libertação dos prisioneiros em todo o mundo, a ocupação israelita continua a prender cidadãos e a detê-los em condições severas.

A prática por Israel da detenção administrativa, amplamente condenada, permite a detenção de palestinos, sem acusação ou julgamento, por intervalos renováveis que variam entre três e seis meses, com base em provas não reveladas que mesmo o advogado do detido está impedido de ver.

O Departamento de Estado norte-americano afirmou em relatórios anteriores sobre as condições dos direitos humanos para os palestinos que não é dada aos detidos administrativos a «oportunidade de refutar as alegações ou contestar em tribunal o material probatório apresentado contra eles».

A Amnistia Internacional descreveu a utilização por Israel da detenção administrativa como uma «táctica falida» e há muito que apela a Israel para que ponha termo à sua utilização.

Os detidos palestinos têm recorrido continuamente a greves de fome abertas como forma de protestar contra a sua detenção administrativa ilegal e de exigir o fim desta política, que viola o direito internacional.

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