ONU: em Junho podem faltar alimentos para 1 milhão de palestinos de Gaza

A agência da ONU de assistência aos refugiados palestinos (UNRWA) informou nesta segunda-feira que mais de um milhão de palestinos da Faixa de Gaza podem estar condenados a passar fome se não conseguir reunir 60 milhões de dólares de donativos até o próximo mês de Junho.

«A menos que a UNRWA consiga obter pelo menos 60 milhões de dólares adicionais até Junho», sublinha a agência num comunicado, «será severamente afectada a sua capacidade de continuar a fornecer alimentos a mais de um milhão de refugiados palestinos em Gaza, incluindo cerca de 620 000 pessoas em situação de pobreza extrema (aqueles que não conseguem cobrir as suas necessidades básicas de alimentos e que tem de sobreviver com 1,6 dólares por dia) e quase 390 000 em pobreza absoluta (aqueles que sobrevivem com cerca de 3,5 dólares por dia).»

A UNRWA é financiada quase inteiramente por contribuições voluntárias, e o crescimento das necessidades superou o aumento do apoio financeiro.

Os EUA eram o maior contribuinte para a UNRWA, mas em 2018 a administração Trump decidiu cortar totalmente a sua contribuição anual de 360 milhões de dólares. Ao mesmo tempo, insiste numa reformulação do conceito de refugiado, numa tentativa de «fazer desaparecer» a questão dos refugiados criados pela limpeza étnica de Israel.

No ano 2000 havia em Gaza menos de 80 000 refugiados palestinos a receber assistência social da UNRWA. Hoje há mais de um milhão de pessoas que precisam de ajuda alimentar de emergência, sem a qual não podem sobreviver.

Trata-se de um aumento «causado pelo bloqueio que levou ao encerramento de Gaza», afirmou Matthias Schmale, director de operações da UNRWA em Gaza, «e o seu impacto desastroso na economia local, os sucessivos conflitos que arrasaram completamente bairros inteiros e infra-estruturas públicas e a crise política interna palestina que começou em 2007 com a chegada do Hamas ao poder em Gaza».

Um relatório da ONU de 2017 sobre as condições em Gaza previa que a região, actualmente com uma taxa de desemprego de 53%, seria inabitável até 2020.

A UNRWA, criada em 1949, para dar assistência aos mais de 750 000 palestinos vítimas da limpeza étnica levada a cabo pelas forças sionistas por ocasião da criação de Israel, é actualmente imprescindível para a sobrevivência  dos cerca 5,3 milhões  de refugiados palestinos nos territórios palestinos ocupados da Faixa de Gaza e Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e ainda  no Líbano, Síria e  Jordânia.

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