«O sangue dos palestinos não tem valor»: 18 meses de prisão por execução a sangue-frio de palestino inanimado
O soldado israelita Elor Azaria foi hoje condenado a 18 meses de prisão por ter matado a tiro, a sangue-frio e à queima-roupa, o palestino Abd Fatah al-Sharif.
O caso teve lugar em Hebron, em Março de 2016. Sharif, de 21 anos, jazia inanimado no chão depois de ser atingido a tiro ao tentar esfaquear um soldado israelita. A cena foi filmada (https://youtu.be/hY86HiENuZE) por um activista palestino ao serviço da organização israelita de direitos humanos B'Tselem e rapidamente se difundiu nas redes sociais e na televisão, tornando impossível ignorar o caso.
Apesar de ter aceitado os argumento da acusação, segundo a qual Azaria não tinha justificação para matar Abd al-Fattah al-Sharif, que não constituía qualquer perigo, o tribunal militar israelita condenou Elor Azaria a uma pena que até a defesa considerou branda. A própria acusação militar pedira uma pena de 3 a 5 anos.
Apesar disso, de imediato surgiram pedidos para que Azaria seja perdoado, da parte de políticos israelitas, incluindo vários membros do governo, nomeadamente o ministro da Educação, Naftali Bennett (do partido Lar Judaico) e a ministra da Cultura (do Likud, o partido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu). E, segundo notícia do jornal israelita «Times of Israel» de 5 de Janeiro, 67% dos israelitas apoiam um perdão a Elor Azaria.
A familía do palestino executado reagiu sem surpresa ao resultado do que considera um julgamento-farsa, comentando: «A sentença é menor do que uma criança palestina recebe por atirar pedras.» E de facto a sentença mínima por lançar pedras é de 4 anos.
Hanan Ashrawi, membro do Comité Executivo da OLP, afirmou: «É uma farsa de justiça ... Esta sentença demonstra a activa desvalorização da vida humana, especialmente as vidas dos palestinos, que têm sido oprimidos e mantidos em cativeiro pela ocupação israelita desde há demasiado tempo.»
No mesmo sentido se pronunciou Yousef Jabareen, deputado ao parlamento de Israel pela Lista Conjunta (coligação de partidos palestinos e da esquerda não sionista em Israel), que declarou: «A sentença não reflecte a gravidade do acto e envia uma dura mensagem de que o sangue de um palestino não tem valor. O caso de Azaria não é um incidente isolado, mas parte de um fenómeno maior no exército, apoiado por políticos.»
Elor Azaria foi o único membro das forças israelitas a ser acusado pela morte de um palestino em 2016, apesar de nesse período pelo menos 109 palestinos terem sido mortos a tiro por soldados e colonos israelitas.
Terça, 21 Fevereiro, 2017 - 00:00