O Handala está a navegar para as Crianças de Gaza - 2. Inglaterra e Irlanda
O Handala, que faz parte da Flotilha da Liberdade, continua a visitar portos europeus na sua missão «Para as Crianças de Gaza». Tendo saído no dia 1 de Maio de Oslo (Noruega), já parou em portos na Suécia, Dinamarca, Alemanha, Países Baixos, Irlanda e França, a caminho de quebrar o bloqueio ilegal de Gaza, onde deverá chegar em meados de Agosto. Nas escalas as comunidades locais organizam eventos educativos e de solidariedade para divulgar a Flotilha e a situação na Palestina.
Inglaterra | Newcastle (19 e 20 de Maio)
Devido a problemas técnicos, o Handala não pôde navegar até Newcastle. A tripulação teve de regressar a Bremerhaven para reparar o barco. No entanto, a tripulação e os participantes viajaram para Newcastle para participar nos eventos programados.
No domingo, 19 de Maio, houve uma concentração na Baltic Square, em Gateshead.
Na segunda-feira, 20 de Maio, houve um debate – só para mulheres – no evento Beit Sitti - Women in Palestine (Mulheres na Palestina) no Bilal Masjid Community Hall, Meldon St, com a presença de mulheres palestinas e das participantes femininas do Handala.
Ainda na segunda-feira, foi projectado o filme The Truth: Lost at Sea (A Verdade: Perdidos no Mar) no Tyneside Irish Centre, seguindo-se um debate com o realizador do filme, Rifat Audeh.
O capitão de Handala referiu mais tarde: «Quando dissemos que esperávamos vê-los no próximo ano, responderam-nos que não era preciso, porque no próximo ano a Palestina será livre».
Inglaterra | Londres (31 de Maio)
Apesar dos esforços da equipa do Handala, o agravamento das condições meteorológicas impossibilitou que o barco fizesse em segurança a viagem para Londres. No entanto, a organização local empenhou-se em prosseguir com o evento de solidariedade com Gaza e com a missão da Flotilha da Liberdade agendado para a tarde de 31 de Maio, no Butler's Wharf, em Shad Thames.
O evento comemorou o 14.º aniversário do ataque ao Mavi Marmara, outro navio da Flotilha da Liberdade que foi violentamente atacado pelas forças israelitas em águas internacionais em 31 de Maio de 2010. Durante este ataque, as forças israelitas mataram 10 participantes e feriram mais de 50 que estavam a tentar quebrar o cerco a Gaza para entregar a ajuda necessária.
John Turnbull, representante da Freedom Flotilla Coalition, falou para a pequena multidão que se juntou no cais sobre a missão da Flotilha: «O objectivo é quebrar o cerco. Há tanta ajuda a ser entregue por tantas nações. Os nossos parceiros de Istambul entregaram mais de 5000 toneladas num navio de carga, o Akdeniz, outros países enviaram muita ajuda e há camiões à espera. Obviamente que todos sabemos isto, o problema não é a quantidade de ajuda, o problema é que as forças armadas de Israel não permitem que esta entre em Gaza para ser entregue às pessoas; é tão simples quanto isso.»
Samer Jaber, do Fórum Palestino na Grã-Bretanha, denunciou: «Durante quase duas décadas, Israel só permitiu a entrada de 25% dos abastecimentos de que a população de Gaza necessita; desde Outubro do ano passado, quase nada. Há meses que centenas de activistas se organizam, onde os seus governos falharam, para tentar fazer chegar a ajuda humanitária desesperadamente necessária à Faixa de Gaza, que está a ser devastada, e tencionam fazê-lo de barco. As pessoas estão a pedir que este genocídio acabe. Infelizmente, os líderes, ou os chamados líderes, são cobardes, não são capazes de se pronunciar, seja por causa do dinheiro, seja porque foram comprados, seja porque fazem parte da conspiração para limpar etnicamente o povo palestino de Gaza por causa do gás, por causa de tantas coisas diferentes. Não sabemos bem porque é que continuam a ser cobardes e não se pronunciam.»
Saleem Lubbad, um jovem de Gaza que pôde estudar em Oxford depois da missão da Flotilha da Liberdade em 2010, partilhou a sua história no evento.
Algumas palavras de sabedoria e esperança vieram da Dra. Ang Swee Chai, administradora fundadora da MAP (Medical Aid for Palestinians) e antiga participante da Flotilha "Al-Awda" de 2018, que foi vítima de violência depois de as forças de ocupação terem tomado o navio. Recordou a todos a firmeza da Coligação Flotilha de Liberdade, que se propõe continuar a trabalhar nos três navios no Mediterrâneo Oriental e a apoiar o Handala, à medida que todas as Flotilhas avançam para quebrar o cerco a Gaza.
Irlanda | Cobh / Cork (7 a 10 de Junho)
Depois de ter sido sujeito a várias operações de manutenção, o Handala zarpou em direcção à Irlanda, enfrentando ondas e ventos muito fortes no Canal da Mancha. Após uma paragem técnica no Reino Unido e 40 horas de navegação, chegou a Cobh, no condado de Cork, na Irlanda, na sexta-feira 7 de Junho.
À chegada o Handala teve uma recepção calorosa por parte de algumas centenas de pessoas que o aguardava no cais.
Na manhã de sábado, 8 de Junho, membros da Coligação Flotilha da Liberdade (FFC) participaram na marcha e comício da Campanha de Solidariedade com a Palestina, na cidade de Cork.
Fellipe Lopes, representante da FFC a bordo do Handala, falou da Flotilha e da sua missão em Gaza. «Na Irlanda, temos visto milhares de pessoas nas ruas todas as semanas, incluindo muitos de vós, a exigir medidas do governo. Finalmente, depois de muita luta e muitas manifestações da sociedade civil, a Irlanda deu um passo importante ao reconhecer o estatuto de Estado da Palestina, ao lado de 132 outros Estados. Mas isso não é suficiente. O Governo irlandês tem de impor sanções a Israel. Precisamos de acções concretas!»
À tarde, um evento no Passeio Marítimo de Cobh incluiu música e entretenimento.
Nessa mesma noite, a Cobh Palestine Solidarity Campaign (CPSC) deu as boas-vindas à tripulação do Handala num painel de discussão com a comunidade local.
Frances Black, uma senadora independente, falou ao grupo sobre os colonatos ilegais na Cisjordânia, o genocídio que está a ocorrer em Gaza e o seu apoio à Flotilha.
No domingo, 9 de Junho, no Centro Comunitário de Cobh foram organizadas várias actividades para as crianças: construção de papagaios de papel, pinturas faciais, artesanato. As crianças levaram depois os seus papagaios para o Passeio Marítimo onde os lançaram.
À noite, a comitiva da FFC participou numa vigília pela Palestina e visitou os estudantes do University College Cork que ali estão acampados há várias semanas para a pressionar o corpo universitário a desinvestir em Israel.
Na segunda-feira 10 de Junho, o Handala partiu para Brest, em França.
Ver também:
O Handala está a navegar para as Crianças de Gaza - 1. Da Noruega aos Países Baixos
Fontes de texto e fotos: Freedom Flotilla Coalition