Nos 70 anos da fundação de Israel e da Nakba, o MPPM condena o massacre dos palestinos pelo regime sionista

COMUNICADO 06/2018

Israel comemorou os seus 70 anos matando e ferindo o maior número de palestinos desde o início da «Grande Marcha de Retorno», em 30 de Março. O massacre do dia 14 de Maio, dia em que Israel completou os 70 anos da sua fundação, é o espelho fiel da sua história de crimes e de violência sangrenta, de limpeza étnica do povo palestino. Segundo informação do Ministério da Saúde palestino em Gaza às 20h30 locais, 55 palestinos foram hoje mortos por forças israelitas. Cerca de 2771 pessoas foram feridas, incluindo 1359 por fogo real, estando 130 pessoas em estado crítico.

Hoje mais do que nunca, contra as mentiras, as cumplicidades e as complacências, é necessário afirmar com clareza: Israel é um Estado fundado sobre o crime indelével que constitui a limpeza étnica dos palestinos, num processo planeado há mais de 70 anos pelos pais do sionismo e que prossegue até hoje.

É exactamente por essa razão que os palestinos assinalam o 15 de Maio como o dia Nakba, a catástrofe, o período de 1947 a 1949 em que mais de 500 aldeias e 11 áreas urbanas palestinas foram destruídas e 750 000 palestinos foram forçados pelo terror e pelos massacres a fugir das suas terras aquando da criação de Israel.

Os palestinos que em 1948 foram convertidos em refugiados, mais os seus descendentes, constituem a mais antiga população de refugiados do mundo, 6 milhões que vivem em campos de refugiados superlotados. Israel recusa-se a reconhecer o seu direito ao retorno, apesar de para ser admitida na ONU ter aceitado a Resolução 194 da Assembleia Geral da ONU, de 11 de Dezembro de 1948, que prevê esse direito ao retorno.

Israel confirmou ao longo de toda a sua história a sua natureza de Estado criminoso e à margem da legalidade internacional. Invoca para legitimar a sua existência a resolução 181 de 1947 da ONU, que previa a partição da Palestina do Mandato britânico num Estado judaico e outro árabe, mas logo em seguida a violou e se apossou de 78 % do território, muito mais do que previa o plano de partição. Na guerra de 1967 Israel terminou aquilo que começara em 1948, ou seja, a ocupação da totalidade da Palestina histórica. E desde então, há 50 anos, ignora despudoradamente as resoluções da ONU, nomeadamente a resolução 242, que estipula a sua retirada dos territórios ocupados. Israel prossegue há décadas, em violação da IV convenção de Genebra, a colonização sistemática de dos territórios palestinos ocupados, onde hoje residem cerca de 600.000 colonos israelitas judeus. Continua a construção na Cisjordânia do vergonhoso Muro de separação, considerado ilegal pelo Tribunal Internacional de Justiça. Ocupa desde 1967 e anexou formalmente em 1980 a parte oriental de Jerusalém, violando a resolução 2253 da Assembleia Geral da ONU, e aplica uma política de judaização da cidade e de expulsão dos seus habitantes palestinos. Caminha para anexação formal de toda ou da maior parte da Cisjordânia.

A ocupação israelita realiza-se através de uma repressão impiedosa dos anseios de liberdade da população palestina: desde 2000, mais de 9500 palestinos foram mortos por Israel; desde 1967, mais de 850 000 presos e detidos palestinos; 100 000 palestinos já foram submetidos a detenção administrativa.

Israel submete há mais de dez anos a Faixa de Gaza a um criminoso bloqueio e a repetidos ataques militares, colocando o pequeno território palestino numa situação de verdadeira catástrofe humanitária.

Israel é geneticamente expansionista e belicista, constituindo um perigo para a paz no Médio Oriente. Participou activamente na agressão anglo-francesa ao Egipto, em 1956. Em 1967, além dos territórios palestinos da Cisjordânia, de Jerusalém Oriental e da Faixa Gaza, ocupou a Península do Sinai egípcia e os Montes Golã sírios, território que continua a ocupar e que ilegalmente anexou em 1981. Ao longo da sua história Israel bombardeou o Iraque e o Irão, e actualmente leva a cabo agressões repetidas e cada vez mais intensas contra a Síria. Israel é a única potência nuclear do Médio Oriente, facto que procura ocultar o silêncio complacente dos países ocidentais e dos grandes meios de comunicação social.

O MPPM condena o aval a toda esta sucessão de crimes e violências que constitui a decisão unilateral e ilegal da administração Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e de transferir para aí a sua embaixada. A circunstância agravante de coincidir com a comemoração da fundação de Israel constitui uma ofensa à memória das vítimas da Nakba um motivo suplementar de indignação dos palestinos.

É essa indignação, é a reclamação da memória, é o desejo de liberdade e do direito de retornar aos lugares donde foi expulso que o povo palestino tem proclamado sempre ao longo destes 70 anos de opressão e que nas últimas semanas se tem mais uma vez expresso na voz dos muitos milhares de manifestantes desarmados da Grande Marcha do Retorno.

Os massacres de hoje, somados aos das últimas semanas não podem deixar ninguém indiferente. É tempo de parar o braço dos carrascos. A comunidade internacional não pode continuar a esconder a complacência com os crimes do regime sionista por trás de ocos apelos à contenção e ao diálogo entre agressores e vítimas. O balanco dos alegados «confrontos» desde 30 de Março entre manifestantes desarmados e tropas israelitas numerosas e fortemente armadas não deixa lugar a dúvidas: 97 palestinos mortos, incluindo 12 menores, e mais de 12 000 feridos — contra 1 soldado israelita com ferimentos ligeiros.

O MPPM reclama do governo português que erga a sua voz para condenar os massacres e exigir a condenação dos seus fautores, assim como o fim da ocupação e do bloqueio da Faixa de Gaza.
É tempo de a comunidade internacional cumprir o seu dever ético e jurídico, usando todos os instrumentos ao seu dispor, nomeadamente a imposição de sanções para obrigar Israel ao respeito das resoluções da ONU e do direito internacional.

É tempo de a comunidade internacional cumprir a promessa que em 1947 fez aos palestinos e assegurar a constituição de um Estado palestino livre, independente, soberano e viável nas fronteiras anteriores a 1967, tendo Jerusalém Oriental por capital, e uma solução justa para a situação dos refugiados palestinos nos termos do direito internacional e das resoluções pertinentes das Nações Unidas.

Nos 70 anos da Nakba, o MPPM assegura ao povo palestino o seu apoio indefectível na sua justa luta até que veja realizados os seus imprescritíveis direitos nacionais.

Lisboa, 14 de Maio de 2018
A Direcção Nacional do MPPM

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