No Dia da Terra Israel reprime com brutal violência manifestação pacífica de palestinos
Os palestinos de todo o mundo comemoram o dia 30 de Março como Dia da Terra. Nesse dia, em 1976, forças repressivas israelitas mataram seis palestinos cidadãos de Israel que protestavam contra a expropriação de terras propriedade de palestinos, no Norte de Israel, para aí construir comunidades judaicas.
Cerca de 100 outras pessoas ficaram feridas e centenas foram presas durante a greve geral e grandes manifestações de protesto que nesse dia ocorreram em diferentes localidades palestinas no território do Estado de Israel. O Dia da Terra simboliza a determinação do povo palestino de preservar a sua história, o seu apego à sua terra como elemento essencial da sua identidade e da sua própria existência como povo na sua pátria.
Mas o Dia da Terra é, este ano, marcado pela grande acção de protesto pacífica intitulada «Grande Marcha do Regresso». Com início simbolicamente ligado ao Dia da Terra, o protesto deve estender-se até 15 de Maio, o dia que os palestinos designam por Dia da «Nakba», a «Catástrofe», que assinala a limpeza étnica de mais de 700.000 palestinos por Israel em 1948. O tema central deste protesto é a afirmação da ligação dos palestinos à sua terra e a reclamação do direito de regresso dos refugiados aos seus lares, tal como prescreve a resolução 194 das Nações Unidas. Não obstante o seu carácter pacífico, assim como a justiça e legalidade dos seus propósitos, as primeiras horas da Grande Marcha do Regresso estão já marcadas por uma brutal repressão do exército israelita, que inclui a utilização de munições reais disparados por soldados, mas também por tanques dispostos ao longo da fronteira de Gaza, e que provocou já, pelo menos, oito vítimas mortais e largas centenas de feridos.
O MPPM alerta para o contínuo agravamento da situação e reclama que o Estado português, na sua acção diplomática, expresse a sua condenação das acções repressivas do Estado de Israel e exija da sua parte o estrito respeito pelo direito de manifestação livre.
Em 2018, o Dia da Terra assinala-se numa conjuntura prenhe de ameaças, marcada pela decisão unilateral dos Estados Unidos da América de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e de transferir para aí a sua embaixada. Esta decisão é ainda agravada pelo facto de essa transferência estar prevista para coincidir com o 70º aniversário da proclamação unilateral do Estado de Israel e da Nakba.
Quarenta e dois anos depois dos acontecimentos que deram origem ao Dia da Terra, os palestinos em toda a Palestina histórica continuam a ser alvo de tentativas de destruição, expulsão e desumanização por parte do governo de Israel. Actuando com impunidade, Israel mantém desde 1967 a ilegal ocupação militar dos territórios palestinos da Cisjordânia, de Jerusalém Oriental e da Faixa de Gaza. A sistemática política de limpeza étnica dos palestinos continua; nos territórios palestinos ocupados prossegue a espoliação de terras e a expansão dos colonatos israelitas ilegais, dos postos militares e do vergonhoso Muro do Apartheid. Dentro das suas próprias fronteiras, tal como definidas pelos armistícios de 1949, Israel pratica uma política discriminatória dos seus cidadãos palestinos, negando-lhes direitos que só reconhece aos seus cidadãos judeus.
Assinalando o Dia da Terra, o MPPM exprime a sua solidariedade indefectível ao povo palestino, que, arrostando obstáculos e dificuldades, prossegue a sua luta firme e heróica pela terra, pela paz, pelos seus inalienáveis direitos nacionais, pela edificação do Estado da Palestina livre, independente, soberano e viável nas fronteiras anteriores a 1967, com capital em Jerusalém Oriental, e uma solução justa para a situação dos refugiados palestinos nos termos do direito internacional.
Lisboa, 30 de Março de 2018
A Direcção Nacional do MPPM