Netanyahu diz que vai dar o nome de Trump a colonato nos Montes Golã sírios ocupados

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta terça-feira que vai dar a um colonato nos Montes Golã o nome do presidente dos EUA, Donald Trump. Trata-se de um gesto de agradecimento ao presidente estado-unidense por reconhecer a soberania israelita sobre este território sírio que Israel ocupa desde 1967 em violação do direito internacional.

Netanyahu fez o anúncio numa declaração em vídeo durante uma visita a este território sírio ocupado.

«Estou aqui nos belos Montes Golã. Todos os israelitas ficaram profundamente comovidos quando o presidente Trump tomou a sua histórica decisão de reconhecer a soberania de Israel sobre os Montes Golã», afirmou.

«Portanto, depois do feriado da Páscoa, pretendo apresentar ao governo uma resolução pedindo uma nova comunidade nos Montes Golã com o nome do presidente Donald J. Trump», concluiu Netanyahu.

Em Março passado, Trump reuniu-se com Netanyahu em Washington para assinar uma proclamação presidencial reconhecendo oficialmente os Montes Golã como território israelita.

A comunidade internacional não reconhece a soberania israelita sobre a zona.

Na sequência da guerra de 1967 em que Israel ocupou os Montes Golã (além do Sinai egípcio e dos territórios palestinos de Jerusalém Oriental, Cisjordânia e Faixa de Gaza), a Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, de 22 de Novembro de 1967 sublinhou a «inadmissibilidade da aquisição do território pela guerra» e afirmou a necessidade da «Retirada das forças armadas de Israel dos territórios ocupados no recente conflito».

Posteriormente, a Resolução 497 do Conselho de Segurança, de 17 de Dezembro de 1981 — aprovada na sequência da adopção por Israel, em 14 de Dezembro, da chamada «Lei dos Montes Golã», que estendia as «leis, jurisdição e administração» israelitas ao território ilegalmente ocupado — reafirmou que «a aquisição de território pela força é inadmissível», proclamou a decisão israelita «nula e sem valor e sem efeito jurídico no plano internacional» e reclamou que «Israel, a potência ocupante», rescinda a sua decisão.

O anúncio de Trump vem na sequência de toda uma política de apoio ao governo mais direitista da história de Israel e aos sectores sionistas mais radicais, bem como de hostilidade declarada ao povo palestino.

Essa política encontrou tradução nomeadamente no reconhecimento pelos EUA de Jerusalém como capital de Israel e na transferência para aí da sua embaixada, igualmente em violação do direito internacional, e também no corte de financiamento à UNRWA, a agência da ONU de assistência aos refugiados palestinos, visando pôr em causa o estatuto destes e o seu direito ao retorno, consagrado na resolução 194 da Assembleia Geral da ONU.

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