Netanyahu diz que avançará na anexação da Cisjordânia se vencer as eleições em Israel

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou neste sábado que vai começar a estender a soberania israelita à Cisjordânia ocupada se for reeleito primeiro-ministro nas eleições de 9 de Abril.

Netanyahu prometeu, numa entrevista televisiva ao Canal 12 israelita, manter de modo permanente o controlo de segurança israelita na Cisjordânia e formalizar a governação israelita sobre os mais de 400 mil judeus israelitas que vivem nos colonatos da Cisjordânia (aos quais se somam cerca de 200 000 no território ocupado de Jerusalém Oriental), todos eles ilegais à luz do direito internacional.

Isto aplicar-se-ia não apenas aos grandes blocos de colonatos, mas também aos colonatos isolados, indicou ele: «Eu vou estender a soberania, mas não distingo entre os blocos de colonatos e os colonatos isolados, porque cada colonato é israelita e eu não o entregarei à soberania palestina.»

«Não vou dividir Jerusalém, não vou evacuar nenhuma comunidade e vou assegurar-me de que controlaremos o território a oeste da Jordânia», afirmou Netanyahu.

As afirmações de Netanyahu surgem um dia depois de ele declarar, numa outra entrevista televisiva, que tinha dito ao presidente estado-unidense, Donald Trump, que não iria evacuar «uma única pessoa» de qualquer um dos colonatos.

Netanyahu gabou-se ainda de ser o responsável pela declaração de Trump que — contrariando o direito internacional, nomeadamente as resoluções 242 e 497 do Conselho de Segurança da ONU — reconhece a soberania israelita sobre os Montes Golã sírios, ocupados militarmente por Israel desde 1967.

O primeiro-ministro israelita, que busca um quinto mandato nas eleições legislativas antecipadas da próxima terça-feira, rejeitou categoricamente um Estado palestino, declarando que «um Estado palestino porá em risco nossa existência».

Na realidade, as declarações do primeiro-ministro israelita não são inesperadas. Recorde-se apenas que em fins de Dezembro de 2017 o Comité Central do seu partido, o Likud, aprovou por unanimidade (ainda que na ausência de Netanyahu) um projecto de resolução exortando os seus líderes a anexar formalmente os colonatos da Cisjordânia.

Os ventos que sopram de Washington são favoráveis. Após «o maior amigo que Israel já teve na Casa Branca» (Netanyahu dixit) reconhecer a anexação de Jerusalém Oriental — é esse o sentido do reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel — e a anexação dos Montes Golã sírios, é bem provável que o primeiro-ministro israelita confie no apoio dos Estados Unidos para passar da «anexação rastejante» à anexação formal dos territórios palestinos ocupados.

A chamada «comunidade internacional» limitar-se-á de novo a piedosas e patéticas declarações perante este desafio descarado à legalidade internacional e às incontáveis resoluções da ONU que condenam a ocupação israelita e reconhecem o direito inalienável do povo palestino a um Estado independente e soberano?

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