«Não renunciar a direitos e princípios»: palestinos anunciam protestos contra «acordo do século» de Trump
Os dirigentes palestinos exortaram nesta segunda-feira os palestinos a protestarem contra o pretenso «plano de paz» da administração Trump, que deverá ser apresentado em Washington na terça-feira.
As forças nacionais e islâmicas anunciaram actividades de massas que serão lançadas na Cisjordânia ocupada, na Faixa de Gaza cercada e noutros locais onde residem palestinos para rejeitar o chamado «acordo do século» e impedir as tentativas de o pôr em prática.
Num comunicado publicado hoje, segunda-feira, as forças nacionais e islâmicas informam que o acontecimento central será na próxima quarta-feira de manhã, no Norte do Vale do Jordão, para o defender contra as tentativas de anexação.
Foi também sublinhada a realização de um «dia de cólera» na próxima sexta-feira, pela defesa da mesquita de Al-Aqsa e da cidade de Jerusalém, que «não pode deixar de ser a capital do nosso Estado palestino independente».
Já na noite desta segunda-feira, manifestantes no campo de refugiados de Deheisheh, perto de Belém, na Cisjordânia ocupada, queimaram fotos de Trump.
Na Faixa de Gaza, o comité que organizou os protestos ao longo da vedação com que Israel isola o território palestino, integrados na Grande Marcha do Retorno, apelou ao seu recomeço. Composto por várias forças políticas, o comité exortou a uma participação maciça na terça-feira e na quarta-feira.
No final do mês passado o comité tinha anunciado a suspensão dos protestos até 30 de Março, segundo aniversário do início da Grande Marcha do Retorno.
No seu comunicado, o comité declara que «a administração estado-unidense, ao anunciar o acordo que rejeitamos, afirmou-se como um inimigo directo do nosso povo e um parceiro da ocupação no seu terrorismo e nos seus crimes contra o nosso povo e a sua causa». E acrescenta: «Não renunciaremos a nenhum dos nossos legítimos direitos nacionais à autodeterminação, à criação de um Estado palestino independente com Jerusalém como capital e ao direito dos refugiados de regressarem às suas casas.»
Paralelamente, nestes últimos dias Mahmoud Abbas recusou-se a atender telefonemas do presidente Trump a respeito do «plano de paz». O presidente da Autoridade Palestina tem estado em contacto com dirigentes árabes e muçulmanos, sendo expectável que apele a uma reunião urgente da Liga Árabe.
Abbas convocou para terça-feira uma reunião de emergência do Comité Executivo da OLP e do Comité Central da Fatah, em hora coincidente com o anúncio do plano de Trump.
Por seu lado, Saeb Erekat, secretário-geral do Comité Executivo da Organização de Libertação da Palestina, declarou este domingo que o plano estado-unidense — que, segundo informações publicadas na imprensa, incluirá a extensão da soberania israelita a todos os colonatos e a anexação do Vale do Jordão — significaria o fim da solução de dois Estados para a questão israelo-palestina.
Têm crescido os apelos de vários quadrantes políticos palestinos para uma reunião dos dirigentes de todos os movimentos palestinos. Pronunciaram-se nesse sentido, nomeadamente, a Frente Popular para a Libertação da Palestina, a Frente Democrática para a Libertação da Palestina e o Movimento Jihad Islâmica Palestina. Também Ismail Haniyeh, chefe du Bureau Político do Hamas, que governa a Faixa de Gaza, se afirmou disposto a participar.