Não ao branqueamento dos crimes de Israel!

Desde a vitória de Israel na edição passada do Festival Eurovisão da Canção, têm-se multiplicado, tanto em Portugal como um pouco por todo o mundo, os apelos à não participação na final da edição deste ano que se realiza em Telavive – gorada a manobra provocatória de Israel de pretender realizar a final em Jerusalém – entre 14 e 18 de Maio próximo.

Em Fevereiro, o MPPM dirigiu à administração da Rádio e Televisão de Portugal uma carta em que apelava à entidade responsável pela organização da participação portuguesa no Festival a que se retirasse da edição de 2019 daquele certame, pois se entendia que «com essa decisão, a RTP prestigiará Portugal e colocará o nosso país do lado certo da justiça, da liberdade, da defesa da dignidade da pessoa humana e da paz».

Fundamentávamos o nosso apelo no facto de Israel ser um Estado à margem do Direito Internacional. Porque consideramos que, para Israel, «a participação no Festival é uma operação inserida numa estratégia mais ampla destinada a obter a normalização e legitimação internacional das suas políticas ilegais e criminosas», avisávamos: «A participação da Rádio e Televisão de Portugal na edição de 2019 do Festival Eurovisão, em Telavive, associaria o nome de Portugal a essa campanha, tornando o nosso país cúmplice do silenciamento dos crimes e da dor e sofrimento infligidos por Israel ao povo palestino.»

Não sem surpresa, a RTP não teve em conta o apelo, mas gerou alguma estranheza o facto de nem sequer ter respondido à carta.

Durante algumas semanas, até à data da final, o MPPM está a enquadrar e fundamentar as razões da recusa da participação portuguesa na final do Festival e as implicações que a organização deste evento, por parte de Israel, acarreta para os Palestinos. Fazemo-lo através da publicação de uma série de artigos explicitando Por que a RTP não deve estar em Tel Aviv.

O primeiro artigo historia a limpeza étnica da Palestina conduzida pelo ocupante sionista.

O relato inicia-se com as primeiras migrações de colonos judeus, em meados do século XIX. O advento da ideologia sionista, no final do século, e o apoio das potências coloniais, em especial a Grã-Bretanha, alteram radicalmente a situação. As abundantes citações de responsáveis sionistas evidenciam, desde o início, a intenção de proceder a uma expulsão dos habitantes palestinos. A campanha de terror conduzida pelas milícias sionistas – que vieram a integrar as forças armadas de Israel após a «independência» - culminou com a limpeza étnica em grande escala sobre a qual assentou a constituição do Estado de Israel.

«E assim surge Israel, sobre as ruínas de aldeias destruídas, sobre os escombros de vidas perdidas, alimentando-se de colheitas plantadas por outras mãos que não as suas, construindo sobre valas comuns, olhando um mar imenso por onde conduziu outros ao desespero de uma viagem sem retorno, e aí contemplando um céu envolvente de estrelas que os palestinos sonharam e desenharam para iluminar uma pátria que sempre foi sua.

É por tudo isto que o MPPM se dirige à RTP, para que esta não se torne cúmplice de um espectáculo que visa legitimar e normalizar um processo de colonização, expulsão e consequente tentativa de eliminação de todo um país, do seu povo e da sua memória histórica colectiva.»

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