Na hora dos funerais do grande poeta palestino Mahmud Darwich, o MPPM evoca sentidamente uma obra, uma vida e uma luta ímpares

Mahmud Darwich
No passado sábado, na sequência de uma intervenção cirúrgica ao coração, nos EUA, deixava para sempre de bater, aos 67 anos, o coração fraterno e apaixonado do maior entre os maiores dos poetas da Palestina e de todo o mundo árabe, Mahmud Darwich. Nesta quarta-feira, transportado dos EUA, o seu corpo percorre pela última vez o caminho de Amã (Jordânia) para Ramallah (Palestina), onde será enterrado em funerais acompanhados com intensa emoção pelo povo palestino e outros povos árabes. Contrariamente à tradição, não terá sepultura na sua aldeia natal de Birweh (perto de Haifa) incorporada em Israel pela guerra de 1948 – a Nakba, a Catástrofe de há 60 anos – e aliás despovoada e destruída pelos israelitas.
Mahmud Darwich encetou na década de 1960 com o seu primeiro e famoso “Pássaro sem asas”, uma vasta obra de mais de duas dezenas de livros de poemas, traduzidos e conhecidos em todo os continentes. Muitos poemas seus têm sido musicados e cantados no mundo árabe. Ainda neste ano de 2008 publicou “A Impressão das Borboletas”. Autorizados críticos árabes consideram que a sua obra se distingue por aliar à beleza estética da linguagem poética uma simplicidade e humanismo que a tornam sentida pelo homem da rua - e daí, e sobretudo, pela capacidade de dar voz aos, de ser a voz dos sacrifícios, aspirações e lutas do Povo da Palestina.
Ainda muito jovem tornou-se membro do Partido Comunista de Israel. No início da década de 1970 partiu para estudar. Subsequentemente, passou a viver nos países árabes, integrou a OLP e trabalhou com Yasser Arafat na resistência ao sionismo e ao imperialismo. Mas veio a demitir-se de posições de responsabilidade perante o início dos pseudo “processos de Paz”, nomeadamente os “Acordos de Oslo” de 1993.
Plenamente solidário e identificado com o seu Povo, não se eximia de criticar as falhas, erros e divisões dos dirigentes. Ainda recentemente, em 2007, verberava num dos seus poemas os conflitos inter-palestinos e a violência entre Fatah e Hamas como “uma tentativa pública de suicídio nas ruas”.
O MPPM, que tinha no seu programa uma visita de Mahmud Darwish a Portugal, promoverá oportunamente a devida homenagem em memória da sua vida e da sua luta e apela às escolas, aos intelectuais e aos editores a associarem-se à divulgação da sua obra consagrada à justa Causa da Palestina.
Numa hora difícil e triste para os palestinos o MPPM apresenta a todas as suas organizações e dirigentes os mais sinceros votos de pesar, solidários com a unidade e a resistência do Povo heróico de que foi voz imperecível Mahmud Darwich.
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